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Pesca de arrasto reduz espécies e leva a "desestabilização"

A pesca do arrasto leva a uma redução do número de espécies, deixando de existir funções desempenhadas por estes animais, o que resulta numa "desestabilização" do ecossistema, concluiu um estudo do Centro de Oceanografia.

Pesca de arrasto reduz espécies e leva a "desestabilização"
Notícias ao Minuto

14:39 - 07/07/14 por Lusa

País Estudo

Em zonas mais afetadas pela pesca de arrasto "há um decréscimo generalizado independentemente do grupo de espécies em relação à biomassa capaturada, ou seja, captura-se menos peixes, com menores dimensões", o que leva a uma "dominância por menos espécies", explicou hoje à agência Lusa a responsável pelo trabalho.

A investigação de Sofia Henriques, publicada no Journal of Applied Ecology, revelou que "a biomassa capturada é composta por menos espécies nestas áreas", o que leva a uma redução de biodiversidade e significa "uma perda generalizada de funções no ecossistema".

Questionada acerca das consequências no equilíbrio da natureza, a cientista respondeu que, "no geral, o que faz sentido em termos ecológicos, é que sim, que haja uma desestabilização muito grande dos ecossistemas com este tipo de artes de pesca".

No entanto, "tem de haver um estudo complementar com outras componentes, para perceber o que pode acontecer", ou quais as consequências deste desequilíbrio, ressalvou a investigadora do Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Vários estudos já analisaram os impactos humanos em relação às comunidades biológicas, ligadas à parte funcional, ou seja, qual a função que cada espécie desempenha no ecossistema e, por vezes, quando há alterações na comunidade, alguns grupos podem compensar outros, evitando que os ecossistemas sejam afetados.

Considerando que havia falta de informação acerca da parte funcional, Sofia Henriques optou por estudar quais as espécies a desempenhar funções específicas afetadas nos ecossistemas para perceber "se o equilíbrio pode ou não estar em risco perante determinada atividade humana", neste caso a pesca de arrasto, "uma das atividades pesqueiras mais destrutivas".

Foi analisada a plataforma continental, entre 30 e 200 metros de profundidade, e mapeada a intensidade da pesca do arrasto para perceber as áreas mais exploradas. "Fizemos uma espécie de gradiantes de intensidade de pesca, consoante as características de habitat da costa e aplicámos um conjunto de medidas de estrutura e função dos peixes", especificou a cientista.

"Aquilo que se observa é claramente um decréscimo de peixes cartilagíneos, como raias e tubarões, predadores de topo, de espécies com uma resiliência [como conseguem recuperar perante alterações] muito baixa, e de espécies que se movem menos, mais sedentárias, que persistem mais no local, acabam por não migrar entre áreas e são as mais afetadas por este tipo de arte de pesca", revelou o estudo, que teve a colaboração do Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Uma informação do Centro de Oceanografia realça a relevância da publicação, em junho, de uma portaria a proibir a pesca de arrasto e com redes de emalhar de fundo, abaixo dos 200 metros, numa área de cerca de dois milhões de quilómetros quadrados do Oceano Atlântico Norte.

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