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Próxima revolução "será digital" e "virá de fora"

O filósofo Nuno Nabais acredita que a próxima revolução a que Portugal vai assistir será digital, global, feita por "hackers" e nada terá a ver com o que se passou há 40 anos no Largo do Carmo.

Próxima revolução "será digital" e "virá de fora"
Notícias ao Minuto

07:29 - 17/04/14 por Lusa

País 25 de Abril

"Estamos a mudar de paradigma e as próximas revoluções não vão ser feitas em bairros, nem em cidades. Vão ser feitas de forma transnacional", disse o professor de Filosofia da Universidade de Lisboa à Lusa, a propósito do 40.º aniversário do 25 de Abril.

De um paradigma em que uma comunidade era representada por um espaço físico passou-se a outro, muito graças às redes sociais, em que as fronteiras já não contam.

Para Nuno Nabais, há que aproveitar esta mudança para criar novos movimentos de resistência, que já não têm de passar por manifestações de rua ou greves decretadas por sindicatos.

Defende, por isso, que não serão os portugueses a criar uma nova revolução no seu país: "A próxima revolução vai depender muito mais do Sillicon Valley, onde vão surgir os 'hackers' revolucionários que vão conseguir destruir o controlo que a Google tem sobre certos tipos de sistemas financeiros, e que vai beneficiar imenso Portugal, do que sermos nós, portugueses, a construir aqui as condições de transformação do nosso país".

E porque a revolução "virá de fora", Nuno Nabais defende que país devia preparar-se para se abrir ao mundo, uma alteração que deve ser refletida, nomeadamente, nas regras de nomeação e escolha dos responsáveis das instituições das várias áreas: universidades, teatros, museus ou até mesmo do Governo.

"Nós só temos solução se passarmos a ter diretores de teatro, de cinema que possam vir de fora. Até digo, por brincadeira, que devíamos abrir concurso internacional para primeiro-ministro", afirmou Nuno Nabais, defensor de que vários organismos deviam recrutar os respetivos responsáveis por concurso internacional.

Não sabe dizer ao certo se a nova revolução digital está iminente, mas acredita que dentro de duas ou três décadas os atuais modos de vida vão sofrer uma profunda alteração.

"A situação do capitalismo está de tal maneira fragilizada, pelos próprios mecanismos internos do capitalismo, que penso que dentro de 20 ou 30 anos vai dar-se uma mudança fundamental nos nossos modos de vida. E essa mudança passa, sobretudo, por quebrar o mito de que o direito ao salário ou a formas mínimas de sobrevivência depende da nossa capacidade de trabalhar", afirmou.

Enquanto essa mudança não chega, o professor de Filosofia admite que se estáa viver um "momento de transição que deixa um grande vazio".

"Ainda nem temos uma comunidade 'hacker' nas redes sociais suficientemente estruturada e já não temos movimentos que se organizem em torno dos votos e em torno de partidos que vão mobilizando as consciências. Há aqui um vazio nesta mudança de paradigma", disse.

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