Fundação Gulbenkian financia projeto educativo para surdos
A Fundação Gulbenkian está a financiar um projeto que visa estabelecer uma estrutura educativa para as crianças surdas são-tomenses, criando um conjunto de ferramentas para o Governo poder replicar a iniciativa, disse hoje uma responsável pelo projeto.
© Lusa
País São Tomé e Príncipe
"O nosso objetivo com este projeto -- intitulado "Sem Barreiras" - é que fique criado um conjunto de ferramentas que permita, posteriormente, ao Governo são-tomense desenvolver este tipo de iniciativa", disse à Lusa Maria Hermínia Cabral, diretora do Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento.
Segundo a responsável, o projeto pretende desenvolver a língua gestual, dar apoio ao Ministério da Educação, Cultura e Formação para integrar a língua gestual no currículo do ensino especial, a integração do rastreio auditivo neonatal universal no Plano Nacional de Saúde, o rastreio áudio-fonológico e o rastreio cognitivo das crianças sinalizadas com surdez.
Para a diretora da Fundação Gulbenkian, pretende-se ainda ter "um conjunto de crianças completamente habilitadas na língua gestual, pois serão multiplicadoras junto de outras crianças e das famílias, e ainda ter 25 professores e educadores formados nesta linguagem gestual no sistema de educação são-tomense".
De acordo com Maria Hermínia Cabral, a língua gestual em São Tomé, que é muito próxima da portuguesa, já existe, mas é necessário "formatá-la e transformá-la numa língua gestual nacional".
"A elevada taxa de surdez nas crianças de São Tomé e Príncipe foi detetada por uma missão de otorrinolaringologia", liderada pelo médico João Paço, do Hospital CUF/Infante Santo, no quadro de um projeto intitulado "Saúde para Todos - Especialidades, do Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF)", criado em 2003, referiu.
"(Os médicos) pensaram, obviamente que a par desta taxa elevada de surdez (de cerca de três por cento), haveria outros dois problemas: o isolamento das crianças e também uma taxa de insucesso escolar associada a este problema", declarou Maria Hermínia Cabral.
"O Hospital CUF desafiou a Universidade Católica Portuguesa para desenvolver este projeto (...)", declarou a responsável da Fundação Gulbenkian, sublinhando que foi assim que surgiu este projeto.
De acordo com a responsável, a Cooperação Portuguesa fornece o alojamento da formadora, que está a tempo inteiro no país, a parte médica é orientada por João Paço e a parte educacional está a cargo de Ana Mineiro, da Universidade Católica Portuguesa.
Segundo a mesma fonte, a Fundação Gulbenkian financia 65% do valor total desta etapa do projeto, que é de mais de 80 mil euros.
O projeto "Sem Barreiras" decorre até setembro de 2014 e é promovido pela Universidade Católica Portuguesa, pelo Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital CUF/Infante Santo, pelo Instituto Marquês Valle Flôr, e apoiado pela Fundação Gulbenkian e pelo Ministério da Educação, Cultura e Formação e pelo Ministério dos Assuntos Sociais de São Tomé e Príncipe.
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