‘Pedreiros peludos’. Pelo menos aos olhos do artista belga Sébastien Laurent são ‘pedreiros peludos’ que povoam Portugal. Mas se muitos até poderão sentir-se ofendidos com tal metáfora, outros há que consideram que “Portugal não fica nada mal neste mapa” da autoria de Laurent, como Nilton, a quem pertencem estas palavras.
Auscultado pelo Diário de Notícias sobre a criação artística oriunda da Bélgica, o humorista entende que a representação feita “é mais verídica do que possa parecer”.
“Os espanhóis dormem a sesta e ele apelidou-os de ‘preguiçosos’. Aos alemães chama ‘nazis (…). Tendo nós o caso BPN – mas ele não sabe disso senão ter-nos-ia chamado 'gatunos' – a justiça alemã apurado que foram pagos 20 milhões em luvas no caso dos submarinos – se soubesse ter-nos-ia chamados ‘corruptos’ – a Moody’s a descer o ranking – podia chamar-nos caloteiros – e a troika a emprestar dinheiro – ‘pobres’ – portanto, Portugal não fica nada mal neste mapa", assinala um dos apresentadores do '5 para a meia-noite'.
Mas, afinal, porquê 'pedreiros peludos'? "Porque é conhecido que tem havido problemas com as licenciaturas de alguns políticos. Ele apenas baixou o ranking, deixámos de ser um país de engenheiros para ser um país de pedreiros. 'Peludos' tem que ver com as coisas 'cabeludas e bicudas' que acontecem no país, como os quadros do Miró', explica Nilton, em jeito de brincadeira.
Num tom mais sério, o comediante lembra que "exportámos uma geração para o Brasil que criou a ideia de que os portugueses são um povo atrasado e há ainda quem pense assim. Os portugueses que emigraram nos anos 1950/60 levaram essa ideia dos pedreiros e peludos e, quem andar distraído, tem essa imagem. Há quem ande desfasado da realidade e, se calhar, precisava de vir cá para perceber como é este país. Nem tudo é mau".
Ora, questionado sobre se concorda com a imagem de pedreiro, Nilton responde que não. No entanto, acrescenta: "Não me choca que ele [Sébastien Laurent] encaixe os portugueses num retângulo da emigração dos anos 1950/60, percebo qual foi a base de que se serviu. A única coisa que posso fazer é convidá-lo para vir a Portugal", concretiza.