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Mais de 300 mil pessoas idosas já foram vítimas de violência familiar

Um estudo sobre a violência revela que 12,3% da população portuguesa, com 60 ou mais anos - cerca de 314 mil pessoas -, foram vítima de, pelo menos, uma "conduta de violência" por parte de um familiar, amigo, vizinho ou profissional.

Mais de 300 mil pessoas idosas já foram vítimas de violência familiar
Notícias ao Minuto

10:19 - 25/02/14 por Lusa

País Estudo

O "Estudo populacional sobre a violência", baseado numa amostra de 1.123 pessoas, faz parte do Projecto Envelhecimento e Violência 2011-2014, do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA), cujos resultados estão a ser divulgados e debatidos hoje, no seminário "Envelhecimento e Violência", que está a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Este estudo teve como objetivo estimar a prevalência de pessoas com 60 e mais anos na população portuguesa sujeita a violência (física, psicológica, financeira, sexual e negligência), em contexto familiar, nos 12 meses anteriores à entrevista, assim como reconstituir a lógica e as condições de ocorrência de tais situações no contexto da vida familiar.

O número de vítimas de violência foi estimado com base num inquérito telefónico aplicado à população portuguesa com 60 e mais anos.

Para aprofundar o conhecimento constituiu-se paralelamente uma amostra de vítimas de crime e violência com 60 e mais anos, que foram sinalizadas pelas entidades parceiras.

"Estimou-se que 123 em 1000 pessoas com 60 e mais foi vítima de alguma forma de violência (física, psicológica, financeira, sexual ou negligência)", referem as principais conclusões do estudo coordenado pelo Departamento de Epidemiologia do INSA, a que a agência Lusa teve acesso.

Dos cinco tipos de violência avaliados (física, psicológica, financeira, sexual ou negligência), destacam-se a violência financeira e a violência psicológica: 6,3% da população com 60 e mais anos (cerca de 160 mil pessoas), em ambos os casos, dizem ter sido vítima de, pelo menos, uma conduta destes tipos de violência.

Já 2,3% dos inquiridos (58 mil pessoas) foram vítima de, pelo menos, uma conduta de violência física.

Os crimes menos frequentes foram a negligência (0,4% da população com mais de 60 anos) e a violência sexual (0,2% ).

O projeto identificou diferentes agressores, de acordo com os tipos de violência.

Na violência financeira, os principais agressores foram os descendentes, nos quais se incluem filhos, enteados e netos, seguidos dos outros familiares, como cunhados, irmãos e sobrinhos.

São também outros familiares os principais agressores reportados pela vítimas de violência psicológica, seguidos dos cônjuges e de atuais e ex-companheiros.

Mais de metade das condutas de violência física foi da responsabilidade de cônjuges e de atuais ou ex-companheiros.

O estudo adianta que, do total de vítimas, somente um terço denunciou ou apresentou queixa sobre a situação de violência vivida e, quando procurou ajuda, a maioria dirigiu-se às forças de segurança (PSP ou GNR).

Embora com menor frequência, as vítimas também denunciaram a sua situação de vitimização a elementos da rede social informal (familiares, amigos, vizinhos e colegas de trabalho) e a profissionais de saúde.

O projeto Projecto Envelhecimento e Violência 2011-2014, do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge, compreendeu ainda outro estudo sobre violência, também em contexto familiar.

Os dois estudos "são indicativos da relevância que o problema tem na sociedade portuguesa e os resultados demonstram que as vítimas de violência que residem na comunidade são sobretudo vítimas das famílias, seja alargada ou nuclear", refere o projeto.

O Projecto tem como entidades parceiras o Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, com Instituto Nacional de Medicina Legal, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, o Instituto da Segurança Social e a GNR.

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