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'Manifesto contra a crise' quer condições para fixação de talentos em Portugal

O "Manifesto contra a crise" apoiado por 131 intelectuais, que vai ser apresentado no dia 29, em Lisboa, defende a criação de condições para os talentos se fixarem em Portugal, ou no estrangeiro, mas ao serviço do país.

'Manifesto contra a crise' quer condições para fixação de talentos em Portugal
Notícias ao Minuto

18:40 - 20/01/14 por Lusa

País Intelectuais

O "Manifesto contra a Crise -- Compromisso com a Ciência, a Cultura e as Artes em Portugal" é apresentado no próximo dia 29, às 18:30, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, e pretende "tornar pública a relevância estratégica da ciência, da cultura e das artes para o nosso futuro, como comunidade política aberta e dinâmica", lê-se no respetivo texto ao qual a agência Lusa teve acesso.

Entre os 131 intelectuais que assinam o Manifesto, encontram-se os escritores Mário Cláudio e Júlia Nery, o ensaísta Richard Zenith, Pedro Calafate, professor da Faculdade de Letras de Lisboa, Moisés de Lemos Martins, da Universidade do Minho, Luísa Paolinelli, da Universidade da Madeira, e o jornalista José Carlos Vasconcelos.

O Manifesto faz um diagnóstico da situação de Portugal, que "está em crise", advertindo que "não pode ficar num impasse" e, nesse sentido, defende "a criação de condições para que os talentos nacionais, felizmente numerosos nas áreas das ciências, da cultura e das artes, se fixem em Portugal ou para que deliberadamente estejam no mundo e ao serviço do país".

"Não podem estar em fuga", sublinham os subscritores que consideram "a atual situação ainda mais grave do que foi no passado", remetendo para "épocas históricas, em que dispensámos ou expulsámos uma elite qualificada e empreendedora que fez o Portugal universalista dos Descobrimentos", numa referência à ação da Inquisição e às políticas antijudaicas dos séculos XVI, XVII e XVIII, que enfraqueceram o país e contribuíram "para a sua decadência e submissão a poderes estrangeiros".

Os signatários criticam as políticas que levaram à "saída de portugueses qualificados do país, cerca de 20% de licenciados, especialmente jovens, penhor do nosso futuro".

"É incontestável que as atuais políticas de austeridade, pelo seu excesso e, sobretudo, falta de sentido histórico, forçaram a emigração, a fuga e o abandono do país por muitos dos nossos melhores", lê-se no manifesto que conta com assinaturas, entre outras, dos escritores Maria Teresa Horta, Teolinda Gersão, Pedro Almeida Vieira, Rui Zink, José Jorge Letria, José Luís Peixoto e Jorge Reis-Sá.

O Manifesto, que exige que o potencial destes portugueses qualificados seja "reconhecido, aproveitado [e] capitalizado", propõe a "promoção de uma cultura de responsabilidade cívica orientada para o apoio a projetos criadores de trabalho".

"No mundo contemporâneo, a produção de riqueza está dependente da inteligência das pessoas e, por isso, dos referidos fatores económicos, sociais e culturais. A produção de riqueza está, igualmente, dependente de fatores imateriais e do sentido de pertença das pessoas aos seus lugares de origem", atesta o texto do Manifesto.

Neste sentido, defende o documento "a criação de uma rede de instituições amigas do trabalho, da investigação, da criação cultural, científica e artística [que] deve ter como horizonte uma revolução da mentalidade dominante no que respeita à solidariedade".

"Naturalmente, deverá ter reflexos nas políticas públicas", defendem os signatários, entre os quais o artista plástico José Barrias, o dramaturgo Joaquim Paulo Nogueira e o magistrado Joaquim Miguel Patrício.

Defende o documento uma "solidariedade para a criação e para o trabalho": "Uma nova solidariedade ou compromisso das instituições públicas e da sociedade com a ciência, a cultura e as artes, passa por reservar uma parte dos seus meios para fomentar a valorização e a investigação do nosso património, a criação científica, literária e artística", lê-se.

"Estamos a falar de investimentos produtivos com significativos efeitos sobre o todo social", enfatizam os subscritores como a escritora Helena Marques e os professores, da Universidade de Turim, António Fournier, e da Faculdade de Letras de Lisboa, Inocência Mata.

A rematar o documento declara-se: "Mais do que imitar os outros, devemos procurar que os outros nos imitem", argumentando que historicamente "progredimos sempre que fomos capazes de inovar e de fazer o que os outros ainda não tinham feito".

Entre as 131 assinaturas constam António Cândido Franco e Ana Luísa Vilela, da Universidade de Évora, André Barata, da Universidade da Beira Interior, Fernando Cristóvão, da Academia de Ciências de Lisboa, Carlos Nogueira, da Universidade do Porto, Fernando Moreira, da Universidade de Trás os Montes Alto Douro, Henrique Manuel Pereira, da Universidade Católica, Luís Machado de Abreu, da Universidade de Aveiro, e Carlos Quiroga, da Universidade de Compostela.

Entre os mais de cem nomes registam-se ainda os do escritor e investigador da História Militar, Carlos Vale Ferraz, dos escritores Mário de Carvalho e Miguel Real, das jornalistas Maria Augusta Silva e Isabel Nery, do investigador de história do Teatro Duarte Ivo Cruz e de Onésimo Teotónio de Almeida, da Universidade de Brown, nos Estados Unidos.

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