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Incidente com avião de Evo Morales foi "inqualificável"

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos considerou hoje "uma atitude inqualificável, insultuosa" e de "subserviência aos EUA" a proibição de vários países europeus, incluindo Portugal, ao sobrevoo e aterragem do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales.

Incidente com avião de Evo Morales foi "inqualificável"
Notícias ao Minuto

15:54 - 08/07/13 por Lusa

Mundo Boaventura Sousa Santos

O diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que falava numa conferência sobre o futuro das relações ibero-americanas em Lisboa, começou por dedicar a sua intervenção ao presidente boliviano.

Evo Morales, disse o sociólogo, foi "vítima de uma afronta que viola o direito internacional e em que Portugal foi obviamente cúmplice, juntamente com Espanha e outros países europeus".

"Se queremos levar a sério as relações ibero-americanas, estas atitudes são absolutamente inqualificáveis, insultuosas, cobardes, arrogantes e de uma subserviência aos Estados Unidos que são revoltantes", disse o orador.

"Já que o meu país não pede desculpa ao presidente Evo Morales, eu peço, como cidadão deste país", afirmou ainda.

Boaventura de Sousa Santos referia-se ao incidente da semana passada com o avião do presidente boliviano, proibido de cruzar os espaços aéreos e de aterrar em vários países europeus perante a suspeita de que o ex-consultor da CIA Edward Snowden, procurado pelos EUA, podia seguir na aeronave.

Na sua intervenção de hoje, o sociólogo lamentou que Portugal, tal como a Espanha, não tenha sabido fazer do colonialismo uma força no seu processo de integração europeia.

Recordou que as relações com os países latino-americanos constituem um "património de relações que, tendo sido feitas no âmbito colonial, foram outras coisas que não coloniais".

"Não zelámos pelas relações especiais que devíamos ter mantido, ao contrário do que fez o Reino Unido e a França, e é por isso que hoje comemos as bananas que comemos e não outras, pela negociação dos direitos especiais", disse.

Afirmando que houve "algum equívoco" no processo de integração europeia de Portugal e de Espanha, Boaventura de Sousa Santos afirmou: "Hoje podíamos ter uma relação diferente com a América Latina se não tivéssemos virado as costas à América Latina e também à África num momento de euforia europeia".

Sobre a atualidade, lamentou o novo mercado comum acordado entre a União Europeia e os EUA, que considerou o "fim da Europa com a sua identidade" por se tratar de um mercado sob a lógica norte-americana.

Acusou os EUA de terem induzido a crise do Euro - para impedir que o euro fosse uma alternativa ao dólar - e afirmou que o Estado social europeu está a ser destruído porque é o único entrave ao capitalismo liberal norte-americano.

O sociólogo defendeu que a Europa, e sobretudo a Europa do sul, deve por isso promover uma relação com a América Latina que funcionasse como um obstáculo à destruição da identidade europeia.

Afirmou que a Europa tem de "aprender com humildade" com o sul global e a América Latina e "perder o síndrome colonial".

Em concreto, deve aprender com a diversidade latino-americana, assim como deve "aprender a desobedecer ao capital estrangeiro internacional".

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