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Um português entre 7 milhões de chineses

Paulo Vasco Xavier, um jovem empresário estabelecido há cinco anos no sudoeste da China, fala três línguas ao longo do dia, mas apenas uma pequena parte dessa comunicação é em português.

Um português entre 7 milhões de chineses
Notícias ao Minuto

09:45 - 07/06/13 por Lusa

Mundo Empresários

"Falo português com a minha namorada, para praticar. Falamos talvez 10% do tempo português e os outros 90% em chinês ou em inglês", conta Paulo Xavier à agência Lusa, numa entrevista via Skype.

Paulo Xavier, 30 anos, formado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa, é o único português residente em Chengdu, capital da província de Sichuan. Para os padrões chineses, é uma "cidade de segunda dimensão", com cerca de sete milhões de habitantes.

Fora de casa, só fala português quando se encontra com alguns brasileiros que trabalham na indústria de calçado local ou com um guineense que abriu recentemente um bar em Chengdu, mas continua a acompanhar a atualidade portuguesa, através da Internet: "Há dois sites que vejo diariamente: o do Publico e o de A Bola".

Paulo Xavier chegou à China no início de 2007, no âmbito do programa da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AIECP) destinado à formação internacional de jovens quadros, "INOV contacto".

"Uma pessoa sente-se um pouco perdida, numa realidade completamente diferente", recorda acerca da sua chegada a Xangai, a primeira cidade chinesa que conheceu.

Fez um estágio de nove meses numa empresa da província de Zhejiang, leste da China, e depois decidiu ficar no país, para estudar chinês: "Escolhi Chengdu para estar fora dos circuitos ocidentais mais concorridos e poder mergulhar no meio chinês".

"Chengdu é uma grande cidade, mas não tão grande como Xangai ou Pequim. Tem um estilo de vida mais lento. É bom para conhecer pessoas e aprender uma língua", salienta.

Foi em Chengdu que Paulo conheceu a namorada, Jiang Yan, uma jovem chinesa de Sichuan, intérprete profissional de inglês.

Nos últimos anos, Chengdu emergiu como o motor do desenvolvimento das regiões ocidentais da China e em 2011 o Produto Interno Bruto local cresceu acima dos 15%: "È uma cidade muito diferente da que conheci há cinco anos. Já tem duas linhas de metropolitano e há mais três ou quatro em construção".

O ‘boom' económico teve um alto preço ambiental: "Como fica num vale, sem vento e com altas montanhas à volta, Chengdu é hoje uma das cidades mais poluídas da China. Antes não era assim".

"A poluição é a minha principal, e quase única, razão de queixa", acrescenta.

Quanto à evolução da China, responde: "Quanto mais sabemos, mais percebemos que há muitas coisas que não sabemos".

Paulo Xavier pensa, contudo, que o Partido Comunista Chinês "não é tão rígido com aparenta ser" e "vai aguentar-se no poder durante muito mais tempo do que as pessoas imaginam".

E saudades de Portugal? Paulo diz que são "muitas" e muito precisas: "Tenho muitas saudades da família, dos amigos, do clima, da praia e da comida" – “exatamente por esta ordem”.

Paulo Xavier e a namorada já trabalharam juntos em Angola, para uma empresa chinesa de construção civil. Ele agora dedica-se a distribuição de vinhos, mas o que ambos mais desejam é "poder viver metade do ano em Portugal e outra metade em Chengdu".

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