Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
22º
MIN 13º MÁX 24º

EUA pedem investigação ao assassinato de líder camponês nas Honduras

O embaixador do Estados Unidos em Tegucigalpa, James Nealon, condenou hoje o assassinato do dirigente camponês hondurenho, José Ángel Flores, ocorrido na terça-feira, e pediu uma "investigação imediata".

EUA pedem investigação ao assassinato de líder camponês nas Honduras
Notícias ao Minuto

17:59 - 19/10/16 por Lusa

Mundo James Nealon

"Condenamos o assassinato de José Ángel Flores e apelamos a uma investigação imediata e exaustiva", assinalou Nealon através da rede social Twitter. "É importante que os assassinos compareçam perante a justiça", acrescentou.

José Ángel Flores, 64 anos, presidente do Movimento Unificado Camponês de Aguán (MUCA), foi morto a tiro na localidade de La Confianza, no departamento de Colón, no caribe hondurenho, quando saía de um armazém onde se reuniu com 25 camponeses.

Quatro homens encapuçados e fortemente armados atingiram-no com vários disparos provocando a sua morte. O seu companheiro Silmer Dionisio George, 35 anos, também atingido, foi transportado para um hospital da cidade de Tocoa (Colón), onde acabou por morrer.

Os dois ativistas estavam abrangidos desde maio de 2014 por medidas cautelares de proteção solicitadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Em declarações à agência noticiosa Efe, Yony Rivas, porta-voz da Plataforma Agrária do Baixo Aguán, acusou o Governo das Honduras de montar "uma estratégia" que envolve a formação de "grupos militares e esquadrões da morte para desestabilizar o movimento camponês de Aguán".

Rivas exigiu que o duplo crime seja "investigado e se capturem os autores intelectuais e materiais".

Assinalou ainda que se sente "preocupado e vulnerável" e que nos meses recentes foi difundida uma lista de várias páginas com nomes de camponeses, incluindo dirigentes do MUCA fundado em 2006, que seriam assassinados por grupos paramilitares.

O mesmo responsável acusou ainda o Governo de ignorar uma petição do MUCA sobre uma renegociação das dívidas que têm com o Estado por terras adquiridas durante o Governo de Porfirio Lobo (2010-2014), que chegou ao poder em 2009 num golpe de Estado que afastou o ex-Presidente Manuel Zelaya.

"Pepe" Lobo, que desencadeou uma vaga repressiva sobre as oposições, não foi explicitamente reconhecido pela União Europeia e a maioria dos países da América Latina, mas foi pelo contrário legitimado pelos Estados Unidos, Canadá, Colômbia ou Peru.

A demora do Governo em pronunciar-se sobre esta dívida avaliada em 560 milhões de lempiras (21,8 milhões de euros), segundo Rivas" "é uma estratégia" para que os camponeses fiquem sem as terras e "sejam novamente recuperadas pelos latifundiários" que as venderam ao Estado no âmbito de um acordo e entre promessas de uma reforma agrária.

Com o crime de terça-feira, ascendem a 150 os camponeses e camponesas assassinados no vale de Aguán desde 2009.

Em março, também foi assassinada nas Honduras a ambientalista e defensora dos direitos humanos Berta Cáceres, que se opunha a um projeto hidroelétrico no ocidente do país.

Cáceres, que também estava abrangida por medidas cautelares do CIDH, foi morta a tiro na cidade de Esperanza, departamento ocidental de Intibucá, de onde era natural.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório