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Jornalista infiltra-se em célula extremista para realizar documentário

Um documentário a exibir hoje no Canal+ em França, realizado ao longo de seis meses por um jornalista infiltrado numa célula de jihadistas, revela os preparativos dos denominados 'Soldados de Alá' para atentados em França.

Jornalista infiltra-se em célula extremista para realizar documentário
Notícias ao Minuto

19:58 - 02/05/16 por Lusa

Mundo França

A reportagem, de 90 minutos, transporta os telespetadores até ao núcleo de um grupo de islamitas radicais, em que o jornalista 'Saïd Ramzi' (pseudónimo), muçulmano "da mesma geração dos assassinos" dos atentados terroristas de 13 de novembro, e munido de uma câmara oculta, começa a ganhar a confiança destes, refere a agência France-Presse (AFP).

Os candidatos jihadistas provinham de células existentes em Paris e fora da capital, entretanto desmanteladas pela polícia francesa.

Segundo a AFP, o jornalista fez os primeiros contactos através da rede social Facebook, em páginas de grupos que incitavam à jihad, encontrando-se depois com o "emir" -- chefe de uma determinada comunidade muçulmana -- do grupo de jovens candidatos jihadistas.

Durante o primeiro encontro, em Châteauroux, no centro-oeste de França, o "emir", um franco-turco apelidado 'Osama', tenta convencer o jornalista que o paraíso aguarda por ele caso protagonize um ataque suicida.

"Anda irmão, vamos para o paraíso. As nossas mulheres lá nos esperam com anjos e serviçais. Terás um palácio, um cavalo com asas em ouro e rubis," confidencia-lhe.

O jornalista começou a gravar as conversas para perceber as motivações dos candidatos quando se encontram e conspiravam, sendo que a maior parte destes era já conhecida e vigiada pelos serviços antiterroristas franceses.

"O meu objetivo era compreender o que eles têm na cabeça", disse 'Ramzi' à AFP.

"Um dos ensinamentos principais que tirei é que não vi o Islão em nada. Nenhuma vontade de tornar o mundo melhor. Somente jovens perdidos, frustrados, suicidas e fáceis de manipular. Tiveram o azar de nascer na mesma altura que o [grupo extremista] Estado Islâmico (EI). É triste. São jovens à procura de algo e foi o que encontraram", afirmou.

Ao longo dos encontros, o projeto para um atentado em França começa a desenhar-se e Osama diz ser preciso "atingir uma base militar". Em alternativa, porque considera que "os jornalistas estão todos em guerra contra o Islão", defende também um atentado semelhante ao ocorrido em janeiro de 2015 contra a publicação francesa Charlie Hebdo.

"Precisamos de lhes partir o coração [...] É preciso matar os franceses aos mil", defendeu o "emir".

Os planos aceleram-se quando um jihadista chamado 'Abu Suleiman', regressado de Raqqa, na Síria e considera a capital do EI, diz querer encontrar-se com o jornalista.

Espera-o numa estação de comboios, mas não chega a encontrá-lo pessoalmente. Uma mulher envergando o 'hijab' -- véu islâmico -- entrega-lhe uma carta em que se descreve um plano para atacar uma discoteca, disparar para matar e esperar pela chegada da polícia para acionar os cintos explosivos.

Entretanto, os membros de uma outra célula extremista asseguram ter conseguido uma 'kalashnikov' e são feitas as primeiras detenções pela polícia.

Um dos 'jihadistas', mais desconfiado, logra escapar às detenções e envia uma mensagem de ameaça ao jornalista infiltrado: "Estás feito, man".

"A minha infiltração acaba aqui", conclui 'Ramzi'.

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