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Zika: Colômbia anuncia três mortes. ONU defende aborto

Colômbia atribuiu hoje três mortes a complicações relacionadas com o vírus Zika e a ONU instou a América Latina a melhorar o acesso das mulheres à contraceção e ao aborto, devido ao risco de malformações nos fetos.

Zika: Colômbia anuncia três mortes. ONU defende aborto
Notícias ao Minuto

20:45 - 05/02/16 por Lusa

Mundo Saúde

"Confirmámos e atribuímos três mortes ao Zika", disse a diretora do Instituto Nacional de Saúde, Martha Lucia Ospina, numa conferência de imprensa, acrescentando que "as três mortes foram precedidas da síndrome de Guillain-Barré" e advertindo que "outros casos irão surgir".

Para a responsável, o mundo está a aperceber-se de que o Zika - vírus suspeito de causar doença neurológica que pode levar a paralisia permanente - "causa a morte".

Depois do Brasil, a Colômbia é o país do mundo mais afetado pela epidemia, que se supõe causar também uma malformação congénita grave, a microcefalia.

É a primeira vez que um funcionário governamental atribuiu mortes ao vírus, que se propaga de forma exponencial na América Latina através do mosquito da espécie 'Aedes'.

Investigadores brasileiros disseram hoje ter também detetado o vírus sob a forma ativa na saliva e na urina, mesmo que "isso não signifique que há uma capacidade de transmissão" através desses fluidos.

Esta semana, os Estados Unidos relataram um caso de transmissão sexual, no Texas, tendo as autoridades de saúde norte-americanas recomendado hoje que as pessoas que regressam de regiões de risco usem preservativos ou se abstenham de ter relações sexuais.

Na América Latina, o facto de a pílula contracetiva e o aborto serem proibidos em muitos países não impediu que alguns deles - El Salvador, Colômbia, Equador - aconselhassem as mulheres a evitar a gravidez, numa contradição que foi já motivo de crítica.

"Como podem pedir às mulheres que não fiquem grávidas se não oferecem a capacidade de evitar a gravidez?", questionou hoje a porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Cécile Pouilly.

Perante a explosão de casos de microcefalia na América do Sul, a Organização Mundial de Saúde decretou uma "emergência de saúde pública de âmbito mundial", considerando "apropriado" restringir as doações de sangue de viajantes que regressam de países onde o vírus é galopante.

O Brasil é o país mais afetado pela epidemia, com 1,5 milhões de pessoas infetadas, 404 casos de bebés nascidos com microcefalia desde outubro e 3.670 casos suspeitos associados ao Zika.

No maior país católico do mundo, a epidemia reabriu o debate sobre o aborto, possível apenas em casos de violação, quando a vida da mãe está em perigo ou no caso de fetos acéfalos (sem cérebro), enquanto na Colômbia e no Equador, a interrupção voluntária da gravidez só é permitida em casos de perigo para a saúde da mãe e, em El Salvador, a prática pode justificar até 40 anos de prisão.

Violeta Menjivar, ministra da Saúde de El Salvador - onde, segundo a Amnistia Internacional, em novembro passado estavam presas 20 mulheres por terem abortado - disse hoje que os contracetivos estão agora mais facilmente disponíveis nos hospitais públicos do país.

O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, apelou aos governos para que "garantam que as mulheres, homens e jovens têm acesso a serviços e informações de qualidade sobre a saúde e a reprodução, sem discriminação", através do direito à contraceção, aos cuidados maternos e ao aborto num ambiente seguro.

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