Podemos admite governo de esquerdas mas só se tiver mais votos que PSOE
O Podemos admite coligar-se com a esquerda em Espanha para tirar do poder a direita, mas só se tiver mais votos do que os socialistas do PSOE, que acusa de dizer uma coisa em campanha e fazer outra quando governa.
© Reuters
Mundo Espanha
O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, acredita que o novo governo em Portugal (apoiado num acordo parlamentar entre o PS, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português) é uma mudança positiva face "às políticas de cortes", tal como a "Nova Transição" que o seu partido propõe para Espanha. Apenas lamenta a atitude de Cavaco Silva.
"Tenho muitas esperanças de que tudo corra bem ao novo Governo em Portugal e lamento a atitude do Presidente da República, tentando bloquear o que disseram os eleitores portugueses nas urnas. Disseram, basicamente, que estavam fartos das políticas de cortes", disse Pablo Iglesias, durante a apresentação do seu novo livro "Uma Nova Transição".
Questionado sobre se o Podemos poderá viabilizar um governo socialista do PSOE - mesmo que, como indicam as sondagens - o PP de Mariano Rajoy ganhe as eleições sem maioria absoluta - Iglesias realçou a sua desconfiança quanto aos socialistas espanhóis.
"Quanto a Espanha já o disse muitas vezes: creio que - desgraçadamente é assim - para podermos chegar a um acordo político com o PSOE temos de ficar por cima do partido socialista", afirmou o dirigente do Podemos.
Iglesias sublinhou que os espanhóis "já sabem" o que faz o PSOE quando chega a um governo.
"Se o Partido Socialista estiver forte, sabemos o que fazem. Não porque o imaginemos, mas porque sabemos o que já fizeram antes. Sabemos já que o PS se pôs de acordo com o Partido Popular para reformar o artigo 135 da Constituição [sobre a obrigatoriedade de pagar a dívida], sabemos que fez uma reforma laboral em 2010 que aumentava o trabalho temporal - e que mereceu nada menos do que uma Greve Geral, como contestação", explicou.
Ou seja, para que haja um acordo para governar, o Podemos tem de ter mais votos que o PSOE, "estar por cima dos socialistas, como aconteceu nas eleições para a Câmara Municipal de Madrid ou em Cádiz".
"Se for de outra forma, pensamos que o Partido Socialista vai continuar a mesma coisa que até agora: que é dizer uma coisa uma coisa em campanha e depois, na hora de governar, fazer coisas - infelizmente - demasiado parecidas com o que fez a direita, os conservadores, pondo-se de acordo com opções imobilistas", concluiu.
Na semana passada, o secretário-geral do PSOE admitiu liderar um governo de esquerdas em Espanha, caso a direita não consiga obter maioria parlamentar, mas sublinhou a necessidade de ter "nem que seja mais um voto" do que o PP de Mariano Rajoy.
As últimas sondagens para as eleições gerais em Espanha (equivalente às legislativas em Portugal) indicam uma vantagem do PP - mas sem maioria absoluta - seguido do PSOE e do emergente Podemos em quarto lugar.
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