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"O Prémio Nobel perdeu toda a credibilidade"

O escritor e bibliófilo analisa as últimas atribuições do galardão em entrevista ao jornal i.

"O Prémio Nobel perdeu toda a credibilidade"
Notícias ao Minuto

08:00 - 08/10/15 por Notícias Ao Minuto

Mundo Alberto Manguel

Será hoje conhecido o laureado com o Prémio Nobel da Literatura, sucedendo ao francês Patrick Mondiano, contemplado de 2014. No entanto, há quem diga que este reconhecimento já “perdeu toda a credibilidade”, como é o caso do escritor Alberto Manguel, cuja biblioteca ‘transborda’ com os 40 mil volumes que lá estão armazenados.

“A minha biblioteca está organizada segundo alguns grandes princípios que têm que ver com a língua em que o livro foi escrito. Por isso tenho seções de francês, inglês, espanhol, italiano, russo ou chinês. Nessas seleções linguísticas, todos os livros estão por ordem alfabética, pelo nome do autor. Não estão divididos por género. Por exemplo, a poesia e o teatro de Pessoa, a correspondência, a prosa, está tudo junto”.

À margem da apresentação da sua nova obra, ‘Uma história de curiosidade’, feita esta semana em Lisboa, o bibliófilo deu uma entrevista ao jornal i, onde conta histórias como a altura em que lia para o escritor Jorge Luís Borges, um dos grandes marcos da literatura mundial, e que utiliza como exemplo para provar a falta de credibilidade que assolou os Nobel.

“O Prémio Nobel não tem qualquer importância. Perdeu toda a credibilidade. Achei ótimo quando o atribuíram a Tranströmer [2011] ou a Doris Lessing [2007], mas quando o dão a Dario Fo… Ele é um homem simpático, mas essa atribuição torna o prémio completamente destituído de sentido. Em relação a Vargas Llosa, teria preferido que dessem o prémio a Carlos Fuentes, que era, julgo, não só um escritor mais interessante como seguramente um homem melhor. Mas quando vemos que Kafka, Proust, Borges, Joyce, nenhum deles recebeu o prémio…”

Houve ainda espaço para uma análise à contemporaneidade, dando como por exemplo as bibliotecas, onde passa grande parte do seu tempo, habito que tem vindo a perder-se em prole da modernidade.

“Infelizmente, as bibliotecas já não são silenciosas. Tornaram-se lugares cheios de ruídos. É muito difícil encontrar uma biblioteca que seja silenciosa o suficiente. As pessoas acham que podem falar, ligam os computadores – os computadores produzem um certo ruído… Já não há lugares silenciosos. Na realidade, toda a nossa sociedade tenta abolir o silêncio e luta contra o silêncio o mais que pode”.

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