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No domingo tem de haver Governo na Grécia "para evitar uma catástrofe"

A deputada do partido conservador grego Nova Democracia (ND) Niki Kerameus disse hoje à Lusa que quando as urnas das eleições legislativas antecipadas fecharem no domingo à noite, a Grécia tem de ter um Governo, "para evitar uma catástrofe".

No domingo tem de haver Governo na Grécia "para evitar uma catástrofe"
Notícias ao Minuto

19:25 - 16/09/15 por Lusa

Mundo Nova Democracia

"No domingo à noite a Grécia tem de ter um Governo, custe o que custar, senão será uma catástrofe. Se no final deste processo eleitoral não se conseguir formar um Governo e se se colocar a hipótese de mais eleições, pessoalmente ficarei extremamente preocupada quanto ao futuro do país", disse a deputada do ND, que disputa com o Syriza (esquerda) o lugar de partido mais votado.

A necessidade de formar um Governo de coligação é o resultado dado como certo para as eleições de domingo e o ND, liderado desde julho por Vangelis Meimarakis, tem defendido a constituição de uma "coligação alargada", hipótese que é recusada pelo Syriza, liderado por Alexis Tsipras, cuja demissão, em 20 de agosto, forçou a realização de eleições antecipadas.

"Temos dito desde o início da campanha que independentemente do resultado eleitoral pretendemos formar um Governo de coligação alargado, mesmo se porventura tivéssemos maioria absoluta, com todos os partidos que defendem que o lugar da Grécia é na zona euro. E isso inclui o Syriza, com a ressalva de que o Syriza não mude de posição sobre o assunto, apesar de ter sido o Governo que aprovou o novo pacote de austeridade", disse Niki Kerameus à Lusa.

A Grécia deverá começar a aplicar em outubro novas medidas de austeridade impostas pelos credores -- União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional -- em troca de um terceiro resgate financeiro no valor de 86 mil milhões de euros.

Hoje, a deputada do principal partido da direita grega considerou as eleições antecipadas "desnecessárias" e "apenas um truque para o Syriza resolver os seus problemas internos".

Para Niki Kerameus, deputada nomeada pela liderança do partido, "isso não é razão para arrastar um país inteiro para eleições pela terceira vez num ano (depois de eleições, também antecipadas, em janeiro e de um referendo em julho), o que está provado ser mau para a economia".

O ND, que durante décadas alternou na governação com o socialista PASOK, foi Governo entre maio de 2012 e janeiro de 2015, quando perdeu as eleições para o Syriza.

"O esforço para reunificar o partido tem sido muito grande nos últimos dois meses, em que tentámos explicar aos gregos que não existem soluções mágicas para a crise, como o Syriza prometeu em janeiro", afirmou a deputada em registo de campanha eleitoral.

"Não estamos a prometer nada nestas eleições para além do compromisso de governar o país de uma maneira estável e responsável, aplicando o acordo assinado (por Tsipras) com os credores e ao mesmo tempo tentar aliviar alguns dos aspetos mais negativos do acordo propondo medidas alternativas", avançou.

Niki Kerameus deu como exemplo a troca de uma proposta do Syriza de aplicar uma taxa de 23% de IVA ao ensino privado, atualmente isento de IVA, por um aumento do imposto sobre o tabaco.

"Muitas das medidas previstas no acordo são positivas para a Grécia e deviam ter sido os governos gregos a aplicá-las por iniciativa própria, por isso o nosso plano é avançar com as reformas estruturais previstas no acordo para reconquistar a confiança dos credores", adiantou.

Encarregada da área da reforma administrativa e governo eletrónico no ND, a deputada responde com um "quem sabe" sem mistério à sugestão de que poderá vir a ser ministra no caso de o partido formar Governo.

Advogada de carreira, com formação na universidade de Harvard, Estados Unidos, ativa na área dos direitos humanos e fundadora da DESMOS - uma ONG com fins assistenciais que canaliza excedentes de empresas para instituições de apoio social -- Niki Kerameus admite que faz parte de um movimento de renovação interna do ND, partido ainda conotado com clientelismos e com a "velha maneira" de fazer política na Grécia.

Recusou ainda a noção de que, "pelo menos na Grécia", os partidos de direita têm menos preocupações sociais que os de esquerda, admitindo que como estratégia de comunicação foi eficaz para o Syriza mobilizar eleitores nas eleições de 2012.

"O que o ND fez pelos que foram mais atingidos pela crise foi muito mais que o que o Syriza fez, que prometeu cerca de dois mil milhões de euros para apoios sociais e acabou por disponibilizar 200 milhões, saídos do défice, enquanto o ND disponibilizou 500 milhões sem aumentar o défice".

"Acho que as pessoas começam a aperceber-se disso e é isso que as sondagens estão a revelar", concluiu.

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