Ala esquerda do Syriza exorta Governo a não pagar empréstimo ao FMI sem acordo
A ala mais à esquerda do Syriza, no poder na Grécia, defendeu hoje que o Governo de Atenas não deve pagar as próximas parcelas do reembolso ao Fundo Monetário Internacional (FMI) enquanto não existir um acordo com os credores.
© Reuters
Mundo Atenas
A ‘Plataforma Esquerda’ apresentou um texto de duas páginas durante a reunião do comité central do Syriza que decorreu este fim de semana no qual exorta o Governo de Alexis Tsipras a recusar o pagamento ao FMI em junho, num total de 1,6 mil milhões de euros, porque as instituições internacionais não pretendem um "acordo honroso" mas antes a "submissão do país".
"Caso as instituições prossigam nos próximos dias as mesmas táticas coercivas, o Governo deve declarar aqui e agora diretamente (...) que não vai pagar a próxima parcela do empréstimo ao FMI e que planeia respostas alternativas a nível económico, social, político e estratégico sobre o estado do país, o que garantirá a execução do programa", afirma o comunicado.
Os membros da ala mais à esquerda do partido, integrada pelo ministro da Reconstrução Produtiva, Ambiente e Energia, Panagiotis Lafazanis, asseguram que "o maior desastre para o país é a imposição de um movo memorando [programa de resgate]".
Durante o debate, esta fação defendeu um plano alternativo baseado nos compromissos eleitorais, com os seus dirigentes a reiterarem que as instituições internacionais (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) não procuram "um compromisso honroso, porque um acordo deste tipo não pode existir com privatizações e novas medidas sobre as classes mais baixas, e sem renunciar à austeridade, e sem eliminar a maior parte da dívida e sem uma forte liquidez para reativar a economia".
Um responsável da ‘Plataforma Esquerda’, que representará cerca de um terço do Syriza, sugeriu ainda a nacionalização imediata dos bancos, o estabelecimento da legitimidade democrática, transparência nos meios de comunicação, a eliminação dos privilégios das grandes empresas e a reposição total dos direitos laborais e sindicais.
Na manhã de hoje, em entrevista à televisão privada Mega, o ministro do Interior grego, Nikos Voutsis, tinha já assegurado que o seu país não vai pagar os reembolsos ao FMI em junho, "porque não há dinheiro para o fazer".
Uma sondagem publicada hoje pelo jornal pró-governamental Avgi, realizada pelo instituto Public Issu, revela que a maioria dos gregos continua a apoiar o Governo do Syriza, coligado com o pequeno partido da direita soberanista Anel, nas negociações com os credores do país e desejam um acordo que permita a permanência na zona euro.
O estudo demonstra que 54% dos inquiridos aprovam a forma como o Governo está a conduzir as negociações, apesar das tensões com os credores internacionais, e perante os quais, segundo 59%, Atenas não deve ceder.
No estudo, 89% opõem-se ainda a novos cortes nas reformas e 81% rejeitam os despedimentos coletivos.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com