"As almas das vítimas do genocídio vão por fim encontrar o repouso interno", referiu citado pela agência noticiosa AFP Vardoukhi Chanakian, 68 anos, empregado nos serviços sociais de Erevan, a capital arménia.
Esta canonização, que vai ocorrer no final da tarde de hoje perto de Erevan, será a mais importante, em termos numéricos, jamais decidida por uma igreja cristã.
Na sexta-feira, milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo diversos chefes de Estado e de governo, vão prestar homenagem às vítimas destes massacres iniciados há 100 anos.
"Em 23 de abril vai ter lugar a canonização dos mártires do genocídio arménio", anunciou a Igreja apostólica arménia, que apelou a todos os arménios a "participarem piedosamente neste acontecimento histórico".
O ofício da canonização será celebrado pelo chefe da igreja arménia, o catholicos Karekin II, em Etchmiadzine, a cerca de 22º quilómetros de Erevan e num edifício do século IV considerado a mais antiga catedral cristã do mundo.
Ao canonizar estas vítimas "a Igreja limita-se a reconhecer os factos, isto é, o genocídio", declarou na quarta-feira Karekin II.
"Para nós, arménios, é uma obrigação moral e um direito recordar-nos de 1,5 milhões dos nossos que foram mortas e centenas de milhares de pessoas que sofreram provações inumanas", sublinhou por sua vez o Presidente arménio, Serge Sarkissian.
O início da cerimónia estava previsto para as 17:00 locais (14:15 em Lisboa), uma escolha simbólica em memória de 1915, o ano do início do genocídio, que continua a ser rejeitado pela Turquia.
A versão oficial turca reduz a 500.000 o número habitualmente aceite de 1,5 milhões de arménios mortos entre 1915 e 1917, e insiste que foi resultado de uma violência étnica exercida em ambas as direções.