Membros da Frelimo assinalam renovação geracional histórica
Destacados membros do Comité Central da Frelimo consideram que a substituição, hoje anunciada, de Armando Guebuza por Filipe Nyusi na liderança do partido do Governo em Moçambique é um momento histórico da chegada de uma nova geração ao poder.
© Lusa
Mundo Moçambique
"Estamos num momento de celebração de uma transição pacífica, mais uma na Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] que é um grande exemplo para região e para o mundo", comentou à Lusa a ex-primeira-ministra Luísa Diogo, salientando que hoje começa "um novo ciclo de governação, com uma nova geração e com a sorte de existir também a geração do 25 de Setembro [início da luta de libertação] para dar o suporte necessário para os sucessos que hão de vir".
A substituição da liderança da Frelimo não estava na agenda da sessão do Comité Central, mas hoje Armando Guebuza anunciou a sua demissão, a que se seguiu a eleição do novo presidente do partido.
Nyusi ganha a liderança da Frelimo, depois de ter sido eleito em 15 de outubro Presidente da República, sucedendo também a Guebuza.
"É assim que a Frelimo faz as suas coisas, é diferente dos outros partidos", disse Luísa Diogo, que chegou a integrar a lista de pré-candidatos presidenciais do partido para as últimas eleições gerais, destacando que, pelo seu peso histórico, tudo o que a sua força partidária faz "influencia, positiva ou negativamente, o país" e, neste caso, o que houve "foi uma transição pacífica".
"Isto aconteceu com o Presidente [Joaquim] Chissano e agora está a acontecer com o Presidente Guebuza, era evidente que este evento ia acontecer", declarou, por seu lado, Tomás Salomão, que exerceu várias funções no Governo moçambicano e antigo secretário-executivo da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), assinalando também a chegada de uma nova geração à direção do partido.
"Temos, pela primeira vez, a ascensão, na direção do partido, de um jovem que não fez parte do processo da luta de libertação nacional", realçou Tomás Salomão, para quem Nyusi tem o primeiro desafio de manter a coesão e a unidade na Frelimo, num momento em que a paz no país está ameaçada pelas exigências da oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
"Diferenças vão existir sempre, mas temos de manter a paz e a concórdia no seio o país", alertou.
Vários analistas e membros do partido têm avisado para o risco de existirem dois centos de poder em Moçambique, com a liderança de Guebuza da Frelimo a fragilizar a Presidência de Nyusi, nomeadamente nas negociações com a Renamo, que ameaça tomar o poder pela força se o seu projeto de municípios provinciais for chumbado no parlamento.
O histórico da Frelimo Mariano Matsinhe afirmou à Lusa que seria normal o Presidente da República e do partido serem personalidades diferentes, mas, "durante as análises [do Comité Central], demostrou-se que Moçambique ainda não está em condições de haver duas direções".
Os argumentos apresentados, segundo Matsinhe, "foram muito fortes e as análises foram bem feitas", ficando claro que "o desafio é consolidar a paz e chamar mais membros para Frelimo".
Tido como muito próximo dos dois protagonistas, Celso Correia, atual ministro da Terra e Ambiente no Governo de Nyusi, com o qual trabalhou diretamente na última campanha eleitoral, destacou que se trata de "um momento histórico", louvando também a forma como Guebuza abordou este Comité Central, em nome da "coesão".
"A expressão da votação é clara, Nyusi tem o partido todo trás dele e isso mostra que, a nível interno, o desafio será capitalizar este apoio e unificar o partido", sustentou.
Nyusi foi hoje eleito pelo Comité Central presidente da Frelimo, com 186 votos a favor, dois brancos e um nulo.
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