Por padrão, as camisas para homens e mulheres não divergem apenas no tipo de corte. Pode ainda não ter reparado mas, caso não o tenha feito, ainda vai a tempo de olhar para as camisas lá de casa. Repare: as camisas para homens têm botões à direita, as para elas têm à esquerda.

Há várias teorias para esta questão. A The Atlantic ajuda-nos a perceber um pouco mais sobre a história deste pequeno mas já antigo mistério. Vamos então às teorias.

Do lado dos homens (o ‘povo’ das camisas com o botão do lado direito), a explicação mais comum diz respeito ao armamento. Para que se perceba, a camisa começou por ser originalmente uma peça de roupa feita para as classes mais ricas. Como a espada estava na mão direita, era mais fácil desabotoar a camisa com a mão esquerda.

Num livro do Metropolitan Museum of Art sobre cavalaria, ‘The Art of Chivalry: European Arms and Armor’, já se realçava que esta prática padronizada estava ligada à luta e que se mantinha até aos dias de hoje.

Já as mulheres, que têm o botão à esquerda, têm outras teorias a seu respeito. Uma delas diz respeito à maternidade: como a maior parte das mulheres é dextra, era mais útil segurar a criança com o braço esquerda, deixando a melhor mão disponível para outras tarefas.

Outra teoria diz respeito ao momento em que as mulheres a ocidente começaram a andar a cavalo, algo que faziam de forma diferente dos homens: com as duas pernas para o lado esquerdo. Neste caso, o botão do lado esquerdo dava maior proteção contra a brisa, escreve a The Atlantic.

Nas classes mais altas, porém, havia ainda outra razão: as mulheres contavam com servos que as ajudavam a vestir as complicadas peças de vestuário. Como a maior parte dos servos usava mais a mão direita, o lado do botão era escolhido em função disso.

A The Atlantic recorda que no século XIX o médico e psicólogo britânico Havelock Ellis chegou a defender que estas diferenças nos botões de camisas se deviam à menor capacidade motora das mulheres. Como precisavam de ajuda para se vestir, o botão era colocado do lado que dava mais jeito a quem os vestia. Mas convém não esquecer que na Grã-Bretanha do século XIX muitos médicos (homens, naturalmente) ficaram conhecidos por diagnosticar mulheres que tinham orgasmos como casos de histeria.

A curiosidade é que, nos dias de hoje, os botões à direita (para eles) e à esquerda (para elas) ainda são padrão na indústria da moda. Não porque hoje em dia os homens andem habitualmente armados e à espera do próximo duelo e as mulheres precisem de servos para as vestir. Simplesmente porque se continuou a fazer assim.