Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
17º
MIN 13º MÁX 19º

Haverá uma solução ideal para os cockpits?

Andreas Lubitz, o copiloto da Germanwings, deveria estar de baixa no dia em que despenhou o Airbus A320. No entanto, nunca deu a informação aos seus empregadores. O que poderia ter sido diferente?

Haverá uma solução ideal para os cockpits?
Notícias ao Minuto

17:12 - 27/03/15 por Notícias Ao Minuto

Mundo Aviação

Depois do 11 de setembro de 2001, em que terroristas assumiram os controlos de vários aviões, os cockpits foram alvo de alterações. Hoje em dia um cockpit é suposto ser a uma última linha de defesa de uma agressão exterior, como nota o New York Times. Mas o que há a fazer quando a ameaça já lá está, incógnita, como aconteceu no caso da depressão clínica que, alegadamente, terá levado Andreas Lubitz a despenhar o avião que copilotava?

A regra que obriga duas pessoas a estar no interior do cockpit é padrão nos Estados Unidos. Na Europa, como nota o The Guardian, não. Segundo esta regra, em qualquer momento em que um dos pilotos saia do cockpit (por exemplo, para ir à casa de banho, como aconteceu no voo da Germanwings), um dos membros da tripulação fica no seu lugar.

Na sequência deste caso, várias companhias aéreas têm mudado as regras nesse sentido e até o governo canadiano já legislou , obrigado as companhias aéreas a terem, em permanência, duas pessoas junto ao contro dos aviões. Mas será que estas mudanças são uma solução infalível? Dificilmente, como chegou a notar Carsten Spohr, responsável da Lufthansa, ‘empresa-mãe’ da Germanwings, que afirmou em conferência de imprensa que “um ato isolado assim nunca pode ser excluído. O melhor sistema do mundo não o pode parar”.

Ao Daily Mail, o piloto veterano Tony Newton critica as mudanças nas regras levadas a cabo por estes dias. Na sua perspetiva, estão a ser feitas “em cima do joelho”. Newton considera que era importante estudar de novo o assunto para não se correr o risco de “deixar as coisas piores”. E vindo de alguém que fez a carreira nos ares, o alerta sobre a regra das duas pessoas no cockpit chega de forma taxativa: “se alguém está mesmo empenhado em despenhar um avião, provavelmente poderia apanhar a outra pessoa de surpresa”.

Na perspetiva deste piloto, que alerta para a precipitação na mudança de regras, o caso é claro: duas pessoas no cockpit pode não resolver o problema quando o que está em causa é um caso invulgar – além de Lubitz, menos de uma dezena de casos semelhantes terão acontecido nas últimas três décadas.

Além do mais, alerta Newton, mais pessoas são sinónimo de mais vezes em que o cockpit é aberto, o que pode representar mais oportunidades para eventuais terroristas tentarem chegar ao cockpit e tomar conta do avião – algo que, recorde-se, contraria a principal razão pela qual os cockpits passaram a ser tão seguros, capazes até de resistirem a ataques armados.

As regras sobre o cockpit acabam por não ter maneira de resolver o mais difícil (se não mesmo impossível): prever o imprevisível. Nos Estados Unidos, por exemplo, atualmente há uma pequena percentagem de pilotos que anda armada. A regra das duas pessoas no cockpit continua a não servir no caso de um piloto fora de controlo, como destacaram especialsitas ao New York Times.

Peter Goelz, antigo responsável pela norte-americana National Transportation Safety Board, “este incidente vai ter um profundo efeito na indústria e na forma como são monitorizados os pilotos”, adianta ao jornal nova-iorquino.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório