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China "não precisa de 30 anos" para chegar ao nível ambiental da Noruega

A enviada especial da ONU para as Alterações Climáticas e antiga primeira-ministra da Noruega disse hoje que a China "não precisa de 30 anos" para atingir o nível de proteção ambiental daquele país europeu, graças ao conhecimento e tecnologias atuais.

China "não precisa de 30 anos" para chegar ao nível ambiental da Noruega
Notícias ao Minuto

11:35 - 27/03/15 por Lusa

Mundo ONU

Gro Harlem Brundtland está pela primeira vez em Macau, a participar no MIECF (Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau), que decorre até sábado.

"A China não precisa de gastar 30 anos (para chegar ao ponto onde está atualmente a Noruega), porque hoje em dia já há tecnologias disponíveis, e os perigos já são conhecidos em todo o mundo, incluindo na China. As pessoas estão a sofrer com a poluição e estão a queixar-se. Por isso, (a China) não precisa de passar por todas as fases de mudanças tecnológicas que nós tivemos de fazer", disse, em entrevista à imprensa, Gro Harlem Brundtland.

A antiga primeira-ministra da Noruega recordou que o seu país começou a implementar políticas ambientais na década de 1970. "Tivemos de regular e forçar a indústria a fazer mudanças. Agora, essas mudanças já foram feitas, por isso a China pode usar a tecnologia e os tipos de soluções que já existem no mercado e produzi-los ela própria".

"Por isso, não demora assim tanto tempo. Esse é o meu grande ponto: pode ser feito muito mais rápido, porque as soluções estão já disponíveis e são possíveis", salientou.

Gro Harlem Brundtland elencou que a China deveria ter como prioridade a subsituição do uso carvão por outras fontes de energia menos poluentes. "Usar o carvão como fonte de energia é uma solução muito má. O carvão polui realmente. Por isso, deve diminuir-se o seu uso relativamente a outras fontes de energia, obviamente incluindo as renováveis, ao nível da água, mas também a eólica e solar".

"A China já o está a fazer, mas podia talvez acelerar o passo", vincou, dando como exemplo a substituição do carvão pelo gás, "que tem um nível de poluição muito mais baixo".

"No final, se olharmos para os próximos 30 anos, devíamos todos estar a usar energias renováveis, e não combustíveis fósseis", realçou.

Sublinhou também a necessidade de colaboração local, regional e nacional, um modelo que defendeu como crucial no Delta do Rio das Pérolas.

Para exemplificar a importância das ações locais, Gro Harlem Brundtland recordou uma situação passada quando ainda era "uma jovem ministra do Ambiente" e realizou uma visita ao norte de Inglaterra, tendo contactado com uma responsável política mais velha.

"Ela estava muito orgulhosa porque tinha alterado as normas e as chaminés industriais daquela cidade passaram a ser obrigadas a estar a uma altura bastante elevada, para afastar o ar poluído dos cidadãos. E eu vinha da Noruega, onde nós estávamos a receber o ar poluído de Inglaterra através do Mar do Norte. A cidade inglesa estava melhor, e a saúde das pessoas tinha beneficiado, mas aquele ar poluído não desaparecia; era transportado pelo vento", afirmou.

"Penso que tem sido a tendência em muitos locais: resolver a curto prazo em vez de encontrar as soluções corretas a longo prazo", apontou.

No âmbito das políticas de sucesso implementadas na Noruega, Gro Harlem Brundtland referiu a introdução de benefícios fiscais para a compra e uso de carros elétricos, uma solução que defendeu para Macau.

"A Noruega tem o maior nível de carros elétricos no mundo. Tem mais carros elétricos do que a Alemanha e a Alemanha é dez vezes maior do que o nosso país, em termos de população. Os carros elétricos fariam todo o sentido em Macau", afirmou.

"Em primeiro lugar, o que está planeado em Macau, em termos de transportes públicos, ao nível dos comboios (metro), é o melhor. Não é a melhor (solução) ter carros elétricos onde cada veículo tem um ocupante: o ideal é ter quanto mais transportes públicos melhor, mas as pessoas vão continuar a usar carros em determinadas circunstâncias, e nesse caso, os automóveis devem ser elétricos em vez de serem movidos a gasolina", argumentou.

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