Acusação pede 10 anos de prisão para ex-primeira-dama
O Ministério Público da Costa do Marfim pediu hoje uma pena de 10 anos de prisão para a ex-primeira-dama Simone Gbagbo, acusada de participar numa insurreição na crise pós-eleitoral de 2010-2011.
© Reuters
Mundo Costa do Marfim
A ex-primeira-dama, também acusada de "perturbação da ordem pública" e de "constituição de grupos armados", está desde dezembro a ser julgada com 82 outras pessoas por "atentados contra a segurança do Estado".
Mais de 3.000 pessoas foram mortas entre dezembro de 2010 e maio de 2011 nos confrontos entre apoiantes do presidente Laurent Gbagbo, que recusou aceitar a vitória nas presidenciais do seu rival, Alassane Ouattara, atual chefe de Estado.
Segundo o procurador Simon Yabo Odi, Simone Gbagbo formou grupos armados em Abobo, uma divisão administrativa de Abidjan onde era deputada, cujos membros erigiram barricadas e participaram num movimento de insurreição.
Rodeada pelos seus advogados, a ex-primeira-dama não teve qualquer reação ao pedido do Ministério Público.
Já na semana passada, durante a sua primeira audição em tribunal, Simone Gbagbo manteve-se calma, mesmo quando confrontada com testemunhas que disseram tê-la visto entregar armas a jovens de Abidjan.
"Não me reconheço nesses factos. Não conheço estas pessoas", disse ao tribunal.
Simone Gbagbo, 65 anos, apelidada "dama de ferro" quando o marido estava no poder (2000-2011), é simultaneamente respeitada pelo seu percurso como oposicionista e temida pelo poder que tinha, tendo sido frequentemente acusada de ligações aos "esquadrões da morte" que perseguiam apoiantes de Ouattara.
No julgamento em curso, o Ministério Público pediu dois anos de prisão para o presidente do partido de Gbagbo, Pascal Affi N'Guessan, acusado de perturbação da ordem pública.
Se for condenado, N'Guessan, que pretende candidatar-se pela Frente Popular Marfinense (FPI, oposição) às presidenciais de outubro, poderá sair em liberdade porque já cumpriu mais de dois anos de prisão preventiva.
O ex-presidente Laurent Gbagbo está detido no Tribunal Penal Internacional (TPI) a aguardar julgamento por "crimes contra a humanidade" perpetrados durante aquela crise.
Simone Gbagbo também é reclamada pelo TPI por "crimes contra a humanidade", mas as autoridades de Abidjan recusam entregá-la e asseguram que a Justiça da Costa do Marfim pode garantir um julgamento justo.
O casal Gbagbo foi detido na cave da sua residência, a 11 de abril de 2011, por ex-rebeldes apoiantes do presidente Ouattara, que contaram com a ajuda de França.
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