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'Pase lo que pase' no dia 9N os catalães vão votar

Carmen Forcadell promete que no dia 9 de novembro, de manhã, vai pegar na 'papeleta' e pôr-se em fila, num local de voto para decidir se quer que a Catalunha seja um Estado e se esse Estado deve ser independente.

'Pase lo que pase' no dia 9N os catalães vão votar
Notícias ao Minuto

12:32 - 31/10/14 por Lusa

Mundo ONG

"Aconteça o que acontecer, faça o que fizer o Governo espanhol, no dia 9 de novembro as pessoas vão sair de casa e vão fazer fila para votar. Têm muita vontade de votar", afirmou. Vamos todos votar. Estaremos aí a fazer fila, com o boletim na mão", prometeu à Lusa a presidente da organização não-governamental Assembleia Nacional Catalã (ANC).

"Não sabemos quantos vão votar. Mas para mim um êxito é que se faça o voto, que as pessoas, apesar de tudo, tenham vontade de ir votar. Porque a falta de democracia do Estado espanhol é o que se tem que denunciar. Para mim, que se possam abrir os locais de voto, e que as pessoas vão votar, já é um êxito", explica.

Carme Forcadell tornou-se a principal voz da sociedade civil catalã que quer a consulta, liderando a ANC, o organismo que tem realizado as maiores mobilizações da história da Catalunha, todas a favor do "direito a decidir".

A ANC tem já cerca de 55 mil sócios (a quota mínima é de 4 euros por mês) a que se somam cerca de igual número de colaboradores e simpatizantes, tornando o organismo numa das forças mais poderosas do motor da independência.

Da sua sede no centro de Barcelona, a duas ruas da Sagrada Família de Gaudi, gere-se uma mobilização que, mesmo sem atos de campanha visíveis nas ruas, pelo menos para já, cresce na internet e nas redes sociais.

"Ara és l'hora. Fem um país nou" (Agora é a hora. Fazer um país novo) é um dos motes centrais da campanha da ANC que é, igualmente, o principal de apoio para a mobilização dos votantes.

Um dos documentos produzidos pela ANC, por exemplo, é um questionário com o título "que faço eu pela independência" que pergunta a quem o lê se "tem a estelada (bandeira catalã) pendurada na janela", se já utilizou programas de chat ou o email "para enviar um argumento a favor da independência aos seus contactos" ou se, na última semana, conseguiu convencer algum indeciso a votar "sim" no dia 9.

"Há campanha. Os partidos estão a começar a campanha. E nós estamos em campanha. Em todo o caso não é muito visível porque muitas coisas que colocamos são retiradas, às vezes pela Guarda Urbana", explica.

"E o Governo espanhol tem ajudado este processo. Se o Governo espanhol fosse diferente não estaríamos onde estamos. A intransigência, a falta de diálogo e sobretudo o imobilismo fez com que a maioria das pessoas não veja outra saída que não seja a independência. Porque vêm que o Governo espanhol não quer ser um governo para a Catalunha", disse.

O chumbo do Tribunal Constitucional ao Estatuto de Autonomia (em 2010), o não ao pacto fiscal proposto pelo Governo regional a Madrid - idêntico ao basco - e recusado por Mariano Rajoy, e a "discriminação" que, diz, sentem os catalães, tem vindo a consolidar um sentimento que "não para de aumentar".

"Nós, os catalães queremos um estado que seja nosso, que nos ajude, que defenda os nossos direitos. Sentimos que o Estado espanhol não é o nosso estado porque durante 300 anos o poderia ter sido e não quis", explica.

"É um estado unicultural, unilinguístico, uninacional que vê a diversidade como um problema. Ao longo da história temos sido sempre o problema catalão. Sempre fomos o problema", disse.

Um sentimento agravado pela perceção de que os catalães só por viverem na Catalunha são "discriminados cultural, politica, social e economicamente".

"É um tema de justiça social. Somos 16% da população, temos 19,5% do PIB e pagamos 24% dos impostos. Cada decisão que toma o Estado espanhol prejudica sempre a Catalunha", disse.

E cita exemplos: o Governo espanhol tem resgatado 8 autoestradas falidas, entregues a concessionárias - todas em Madrid -, não cumpre a lei da dependência e boicota decisão do Governo catalão de proibir os cortes de fornecimento de eletricidade ou gás no inverno às famílias mais carenciadas.

"Em cada sexta-feira, no Conselho de Ministros, estamos sempre com medo de ver que decisão tomaram para prejudicar os cidadãos deste pais. Estamos mutuamente cansados. Não de Espanha, mas do Estado espanhol. Estamos cansados deste Governo espanhol e eles estão cansados de nós", disse.

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