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O zelo das mulheres "da Frelimo" na lição do X em Nyusi

Debaixo de um sol inclemente, umas vinte mulheres da Frelimo cumprem a sua rotina do momento, ensinar aos moradores dos caóticos subúrbios de Maputo como pôr um X em Filipe Nyusi e no "tambor e maçaroca".

O zelo das mulheres "da Frelimo" na lição do X em Nyusi
Notícias ao Minuto

09:25 - 09/10/14 por Lusa

Mundo Moçambique

No bairro das Mahotas, arredores de Maputo, o primeiro destino da campanha porta-a-porta das militantes da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), o dia promete ser fácil. A primeira casa que visitam, com um pedido de licença já no quintal, ostenta na fachada um cartaz com a imagem do candidato presidencial do partido, Filipe Nyusi.

A "presença" de Nyusi na residência tem uma explicação: o dono é um combatente da guerra de libertação, que a Frelimo travou contra o colonialismo português até à independência do país, em 1975.

O combatente não está na residência. Está a filha, Mariana Cristiana Major, sentada ao lado da porta de casa, a arrancar de um balde pedaços de molho de alface para uma bacia. Mas para a brigada de campanha da Frelimo não tem mal, porque ela diz que "a família é Frelimo".

"Vou votar no Nyusi, não sei explicar, o meu pai é antigo combatente, a minha família é Frelimo?", afirma, à Lusa, Mariana, depois de as militantes terem explicado como votar "no presidente", como os simpatizantes já tratam o candidato do partido no poder em Moçambique.

"Depois das eleições, quero que arranjem aquela drenagem ali, porque a água não passa e fica tudo molhado", aponta a filha do combatente, para um declive compactado de entulho de pedra, colocado ao lado da sua casa pelo município de Maputo, para fazer escorrer a água que desce da ligação de comboio entre a baixa da capital moçambicana e o distrito da Manhiça, a norte de Maputo.

Divididas em grupos menores, continuam a marcha, dominada pelo vermelho e branco, as cores da Frelimo, entram, por um caminho inclinado, no Bairro de Laulane, numa zona baixa, próxima do Bairro da Costa do Sol.

A habitação de alvenaria feita de blocos de um castanho mais carregado, um indício de que a areia venceu o cimento, é a próxima paragem das "OMM" - Organização da Mulher Moçambicana, filiada à Frelimo.

Dois homens casualmente vestidos estão no quintal da residência, uma cerca feita de sebe de uma planta espinhosa, que delimita as residências dos bairros mais pobres de Maputo. Mas apenas um recebe o cartaz com Filipe Nyusi, o calendário com o tambor a maçaroca, os símbolos da Frelimo e ouve as explicações sobre como votar no dia 15 de outubro, porque o outro recua e encosta-se a uma mafurreira.

O homem que "colabora" não diz palavra e apenas meneia a cabeça em resposta à lição de como votar no "presidente Nyusi".

À Lusa, Marques Pedro Taimo dirá mais tarde e já sem as mulheres por perto, que nasceu, há 53 anos, no distrito de Gorongosa, centro de Moçambique, uma praça-forte da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição, e onde o seu líder, Afonso Dhlakama, recebe sempre "banhos de multidão".

"O voto é secreto, mas o próximo Governo devia resolver o problema de pensão aos combatentes da guerra civil", diz Taimo, afirmando que lutou pelo exército governamental contra a Renamo, durante a guerra civil de 16 anos, que terminou em 1992, e ainda não recebe pensão.

Num contratempo mais sério, num Laulane normalmente simpático com a Frelimo, uma mulher recusa receber o cartaz de Filipe Nyusi.

"Tenho um montão de papelinhos desses aqui em casa, todos passam e oferecem, estou farta", diz a mulher, em changana, uma das línguas do sul de Moçambique, causando logo a desistência e um passo acelerado das militantes.

Mas para as "mulheres" da Frelimo o dia correu bem, como sempre correu, desde que começou a campanha, a 31 de agosto.

"Temos sido sempre bem recebidas, as pessoas sabem que devem confiar na Frelimo, porque mostrou que é capaz. Mas agora vamos descansar na sede do partido, em Laulane, e comer o almoço do Nyusi, para retomarmos às 14:00, até às 18 horas", diz à Lusa, Julieta João Cossa, 60 anos.

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