Partidos nacionalistas espanhóis querem o mesmo em Espanha
Representantes das forças políticas nacionalistas espanholas foram hoje ao Congresso de Deputados para saudar o processo de referendo sobre a independência da Escócia, referindo-se a aspirações idênticas em várias regiões de Espanha.
© Reuters
Mundo Escócia
Em declarações aos jornalistas líderes políticos, bascos, catalães, canários e galegos saudaram o povo escocês pela sua opção de exercer o seu direito de autodeterminação e as autoridades britânicas por permitirem a consulta, apelando ao Governo espanhol para que "ouça e aprenda".
Alfred Borsch, deputado catalão da ERC, admitiu "inveja saudável" e "muitos ciúmes" dos escoceses que "se levantam e se deitam com uma urna".
"Isso provoca ciúmes tremendos. Gostaríamos de poder abraçar a democracia, decidir o futuro através do voto e da urna. Temos que os felicitar pela lição que estão a dar", disse.
"Devemos tomar e aplicá-la aqui. As gaitas da história chamam à porta da Moncloa e o inquilino, Mariano Rajoy tem que decidir se responde à música. Se quer tratar a Catalunha como a Escócia ou como o Sahara. Depende dele optar pelas urnas ou pela força. Essa é a opção que tem", disse.
Para Xabier Mikel Errekondo, deputado da força basca Amiur, o facto de o referendo decorrer "é um triunfo do povo escocês, mas sobretudo da democracia".
"O povo escocês vota pelo seu futuro, o futuro de Escócia será decidido pelos escoceses. Apelamos ao governo do PP para que tome boa nota deste exercício meramente democrático, respeitando a palavra e a decisão do povo catalão e basco", afirmou.
Também o deputado basco Aitor Esteban (EAJ-PNV) disse que "felizmente" o povo escocês tem hoje a oportunidade "de decidir o seu futuro nas urnas, porque o futuro dos povos não pode ser imposto".
"Creio que hoje ganham todos. Ganha a Escócia, mas também o Reino Unido e todos os seus cidadãos. Se o não vencer união vai ser mais forte, apesar de mais autonomia na escócia. Se ganhar o sim, a Grã-Bretanha não será um estado que oprime ou suprime a vontade de uma das nações de que é composta", afirmou.
Esteban considerou que o voto "vai ser bom também para a UE" que se quer "ser coerente com os seus princípios não podem expulsar cidadãos que já são membros" do espaço europeu.
"Espero e confio que num futuro mais próximo seja possível chegar a Espanha o direito constitucional do sec 21, que se compreende que não se consegue nada com obstáculos jurídicos", disse.
Já a galega Olaia Fernández (BNG) destacou a "grande satisfação de ver o que hoje se vive na Escócia", que demonstra que "as coisas se podem fazer bem, no reconhecimento da existência na UE de nações sem estado".
"Os escoceses gozam e exercem um direito fundamental, o da liberdade democrática de decidir sobre o seu futuro. Independente dos resultados, o fundamental é que exercem esse direito. Entendemos que isso deveria também ser assumido pelo Governo e pelo Estado espanhol, no caos das nações da Catalunha, Euskadi ou Galiza", disse.
Pedro Quevedo, deputado da Nueva Canarias (NC) considerou que o Governo espanhol "deveria tomar nota" permitindo processos "perfeitamente democráticos, como já ocorreu no Canadá e ocorre agora na Escócia".
"Este é um marco perfeito de convivência. Reconhecer o direito dos povos a decidir, expressar livremente o seus direitos nacionais e as suas alternativas. Estas questões, quando se defendem com legitimidade, como se faz na Catalunha, devem ser geridas politicamente e não usando a constituição como se fosse um martelo", disse.
Finalmente Uxue Barkos, da Nafaroa Bai, declarou-se a favor do "sim" escocês, num voto que é um "reconhecimento também para a sociedade britânica que soube fazer do direito a decidir o caminho da ação politica neste século 21".
"Os povos podem ter um papel na construção de uma Europa diferente. É essa a revindicação que temos muitos de nós. Que o Governo de Rajoy escute, aprenda, saiba ver que há maneiras melhores, mais ricas de construir uma nação", disse.
Nem todas as vozes no Congresso de Deputados de Madrid estiveram a favor do processo, tendo Alfonso Alonso, porta-voz do PP, afirmado que espera que os escoceses dêm uma "resposta sensata" no referendo, rejeitando a independência.
"Que triunfe a razão", disse à Antena 3.
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