Meteorologia

  • 29 MARçO 2024
Tempo
14º
MIN 8º MÁX 15º

Cruz Vermelha discorda do fecho das fronteiras no combate à epidemia

A Federação internacional da Cruz Vermelha considera arriscado o fecho das fronteiras na luta contra a epidemia do ébola, referiu hoje à Lusa um colaborador da organização.

Cruz Vermelha discorda do fecho das fronteiras no combate à epidemia
Notícias ao Minuto

22:02 - 17/09/14 por Lusa

Mundo Ébola

"A Cruz Vermelha não trabalha com o fecho das fronteiras. Não é a nossa abordagem. A nossa abordagem é manter o diálogo com as pessoas afetadas e com as comunidades vulneráveis, escutar as comunidades e os suas inquietudes e ajudá-las a entender as dinâmicas do surto", disse à Lusa o coordenador de saúde em emergência Panu Saaristo.

Interrogado sobre as restrições de viagens implementadas pelos governos apesar da Organização mundial da saúde não proibir as viagens, o coordenador respondeu: "nós vemos um risco já que as pessoas que viajam precisam de sustentar as suas famílias (...) Elas não viajam por turismo. Isso é bastante válido no caso das fronteiras terrestres".

Assim, as pessoas que continuam a viajar em trabalho vão tornar-se mais vulneráveis perante o ébola, porque vão estar fora do sistema de controlo.

Para este responsável, é melhor manter o diálogo e entender os medos dos países e adaptar as medidas de controlo da epidemia.

No caso de ilhas, como São Tomé e príncipe ou Cabo Verde, o coordenador indicou que "em teoria, é mais fácil controlar uma ilha e é mais complicado fechar fronteiras terrestres. Mas o mundo é pequeno e pessoas tornaram-se mais móveis".

Para o coordenador da Cruz Vermelha, a forma mais eficaz de prevenir o ébola é "tomar medidas para formar o pessoal de saúde e voluntários, comunicar as mensagens corretas (...) para que todos estejam preparados (...) se aparecer um caso que viajasse para estes países seria mais fácil de controlar a situação".

A gestão de uma crise epidémica é composta por uma cadeia de elementos interligados em que todos devem funcionar para derrotar a epidemia. Se um elemento do sistema falha, o tempo para conter a epidemia aumenta, assim como o número de pacientes, sustentou.

O desafio é que "no sistema inteiro todos elementos têm de estar presentes para que possamos ter o controlo da epidemia de forma rápida e efetiva", refere Panu Saaristo.

As atividades de prevenção, de monitorização dos contactos dos pacientes e de gestão dos corpos são alguns dos elementos desta cadeia.

Sendo assim, as epidemias não se podem encarar como um terramoto, onde geralmente se atinge um pico e depois se vai melhorando pouco a pouco.

Este tipo de combate envolve um investimento inicial elevado para controlar a situação, mas no caso do ébola a resposta não foi imediata.

"Geralmente, os surtos de ébola costumam ser rápidos, explosivos e curtos. Mas, isso não vai acontecer na África ocidental e não aconteceu. Esperar que o surto acabe não foi uma boa estratégia. Mas não sabíamos isso antes. (...) Agora a situação está a ser encarada de forma mais séria pela comunidade humanitária internacional (...) Estamos a mobilizar mais.", concluiu.

Desde de março, a Federação internacional da Cruz Vermelha trabalha em 13 países, Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria e em grande escala na Costa do Marfim, Mali, Senegal, Camarões, Benim, Togo, Chade, Republica Centro Africana e Gâmbia.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório