Escócia: uma questão bicuda e inédita para a União Europeia
O referendo sobre a independência da Escócia é aguardado com muita expetativa na União Europeia, que, em caso de vitória do "sim", terá um problema particularmente sensível e sem precedentes para resolver, o da adesão escocesa à UE.
© Lusa
Mundo Referendo
A Comissão Europeia tem-se escudado no silêncio quando confrontada com as inúmeras questões sobre o procedimento a seguir em caso de a Escócia se tornar independente e pretender continuar na UE como um novo Estado-membro, alegando que "respeita o processo democrático em curso", "não quer interferir" e não responde a "cenários hipotéticos".
No entanto, em entrevista a 06 de setembro passado, o ainda presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, advertiu que será "extremamente difícil, senão impossível", a uma Escócia independente aderir à União Europeia.
A possível independência da Escócia -- um cenário que é, de facto, possível, atendendo às sondagens, que apontam praticamente para um empate entre o "sim" e o "não" no referendo de quinta-feira -- constitui um caso sem paralelo na UE, na medida em que nunca um Estado-membro viu parte do seu território declarar-se independente.
Todavia, várias fontes comunitárias garantem que o processo de adesão do novo país nunca seria automático, devendo o mesmo solicitar a adesão à UE e esse pedido ser atendido por todos os atuais Estados-membros, e é aqui que surgem as primeiras grandes questões, pois países que se veem a braços com movimentos independentistas no seu seio -- e o caso mais flagrante é naturalmente o de Espanha com a Catalunha -- jamais quererão abrir um precedente.
De Bruxelas só é por isso de esperar uma posição mais clara relativamente ao assunto uma vez conhecido o resultado do referendo e o "sim" efetivamente ganhar, colocando um novo problema institucional à UE para resolver, pois os partidários da independência na Escócia já foram muito claros quanto à intenção de permanecerem no bloco europeu.
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