Manuel Alegre, membro do Conselho de Estado, assumiu esta posição em declarações à agência Lusa, após a cimeira de Dili ter aprovado a adesão da Guiné Equatorial à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Justificando a posição de Portugal sobre a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que o nosso país não podia ficar isolado, mas eu acho que precisamente o contrário. Portugal deveria ter ficado isolado em defesa dos Direitos Humanos contra a pena de morte em vigor na Guiné Equatorial e em defensa dos valores que estão na origem da fundação da CPLP", contrapôs Manuel Alegre.
Manuel Alegre salientou depois que "a língua portuguesa e os Direitos Humanos deveriam ter maior importância para Portugal do que o petróleo e os interesses económicos".
"Esses interesses são a única explicação para a vergonha da entrada da Guiné Equatorial na CPLP", acusou o ex-candidato presidencial e dirigente histórico socialista.
Questionado sobre a possibilidade de os Direitos Humanos e de as regras base de um Estado de Direito evoluírem na Guiné Equatorial a curto prazo precisamente por causa da adesão deste país à CPLP, Manuel Alegre manifestou-se cético em relação a essa possibilidade.
"A Guiné Equatorial deveria ter evoluído antes e, por isso, não acredito, até porque já foram feitas muitas promessas e nenhuma foi cumprida. A pena de morte continua a ser aplicada e os adversários do ditador continuam a ser perseguidos, presos e em alguns casos mortos. Mesmo que ficasse sozinho, Portugal não deveria ter pactuado com esta situação", acrescentou.