Austrália nega participação em acordo para destruir regulação financeira
O primeiro-ministro australiano desmentiu hoje as informações da organização WikiLeaks sobre a participação de Camberra em alegadas negociações internacionais para a desregulação do setor financeiro.
© Reuters
Mundo Polémica
Os documentos difundidos pela WikiLeaks mostram que, alegadamente, a Austrália, os Estados Unidos, os países da União Europeia (incluindo Portugal) e outros 19 países participam em negociações para um Acordo sobre Serviços de Transações (Trade in Services Agreement -- TISA na sigla em inglês).
Apesar das falhas na regulação durante o início da crise financeira global, em 2007 e 2008, e dos apelos para a implementação de estruturas de regulação, segundo a Wikileaks, os proponentes do TISA pretendem desregular os serviços dos mercados financeiros em todo o mundo.
O anexo da proposta difundida pela WikiLeaks tem como título "Financial Services Annex" e determina regras que podem permitir a expansão financeira das multinacionais -- sobretudo as que têm sede em Nova Iorque, Londres, Paris e Frankfurt -- para outros pontos do mundo "evitando as barreiras da regulação".
Entretanto, o ministro do Comércio australiano, Andrew Robb considerou a difusão dos documentos como uma "campanha repreensível levada a cabo pelos grupos antiglobalização".
"A Austrália tem um invejável setor de serviços, incluindo serviços financeiros e através das nossas negociações comerciais estamos a considerar em abrir as portas a novas oportunidades no sentido do crescimento dos mercados asiáticos", disse o ministro através de comunicado.
"Não vamos participar em acordos que possam minar o nosso setor bancário e o nosso setor financeiro. Por que motivo é que o faríamos?" questiona o ministro australiano.
Especificamente sobre a Austrália, os documentos secretos divulgados pela Wikileaks indicam que, supostamente, os bancos estrangeiros podem vir a ter mais liberdades para operarem no país.
Segundo os documentos, o TISA prevê que informações sobre as contas bancárias locais e outras informações de ordem financeira possam vir a ser facilmente transferidas para outros países, através de novas tecnologias.
O Sindicato dos Serviços Financeiros da Austrália disse ao jornal The Age que as negociações "são um perigo real" porque pode destruir a regulação efetiva que protege a Austrália da crise financeira internacional.
O mesmo sindicato avisa que o acordo TISA pode provocar uma vaga de desemprego no setor financeiro australiano.
Os vários governos australianos opuseram-se no passado a fusões de instituições bancárias do país com quatro bancos estrangeiros, entre os quais o Commonwealth Bank, o Westpac e o ANZ.
A posse, por parte de uma entidade individual, de uma instituição financeira, de acordo com a legislação australiana, não pode exceder aos 15 por cento, enquanto os grandes investimentos de empresas internacionais em empresas locais são vetados pelo Conselho para o Investimento Estrangeiro.
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