A preocupação foi manifestada pelo delegado de saúde da Cidade da Praia, Domingos Teixeira, que admitiu a possibilidade de o número de casos aumentar e assumiu que se pode já considerar a existência de um surto.
A maioria dos casos foi detetada no bairro de Fontão (cinco infetados), havendo um nos do Castelão, Fazenda, Safende e Eugénio Lima, bem como outro "importado" da costa oeste-africana.
"A ligação do caso importado com os autóctones não está estabelecida, pelo que estamos a estudar o caso para saber se há ou não relação. Até agora, não houve nenhum óbito e o único caso grave de paludismo está internado no hospital Dr. Agostinho Neto", na capital cabo-verdiana, disse Domingos Teixeira.
Perante esta situação, o delegado da saúde praiense apelou à população a uma maior vigilância das suas residências e nas zonas adjacentes, de forma a melhorarem a "sentinela" da criação dos focos dos mosquitos.
Como medida imediata, e perante a situação, Domingos Teixeira informou que a câmara municipal, bem como a delegacia de saúde da cidade irão trabalhar para reforçar a vigilância com uma campanha de pulverização nos potenciais viveiros de mosquitos e nas zonas alvo da doença.
"Vamos fazer, ainda hoje, um trabalho muito forte de limpeza e pulverização nas zonas de Fontão e Cobom e apelamos às pessoas, em todos os bairros, a estarem alerta e a contribuírem para a diminuição de proliferação de mosquitos nas suas comunidades", sublinhou.
Domingos Teixeira referiu que Cabo Verde é um "país vulnerável" ao aparecimento de casos e, eventualmente, de surtos, o que acontece com maior incidência no concelho da Cidade da Praia.
Tendo em conta a vulnerabilidade que se vive, acrescentou, a erradicação do paludismo até 2020, meta preconizada pelo Governo, vai depender do processo de melhoramento de condições para que não haja transmissão local.
Desde 2010 que o número de casos de paludismo em Cabo Verde, país que conta com cerca de meio milhão de habitantes, tem vindo a diminuir, tendo as autoridades sanitárias cabo-verdianas registado um único caso, detetado num cidadão oeste-africano que viajou de Dacar para a Cidade da Praia.
Por outro lado, Domingos Teixeira disse ainda que, ao longo dos primeiros 10 meses do ano em curso, Cabo Verde registou dois casos "importados" de dengue, doença que surgiu pela primeira vez em Cabo Verde em 2009, tendo a epidemia afetado então mais de 21 mil casos e seis mortes, na quase totalidade no concelho praiense.
Desde então, o número tem sido reduzido, devido às sucessivas campanhas de limpeza e de desinfeção frequentes nos bairros mais desfavorecidos da capital cabo-verdiana.