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Moçambicanos rejeitam guerra civil para saída de conflito

O especialista em estudos africanos Fernando Jorge Cardoso defende que "não há a mínima hipótese" de a guerra civil regressar a Moçambique, considerando que a saída mais provável do conflito é a via diplomática.

Moçambicanos rejeitam guerra civil para saída de conflito
Notícias ao Minuto

12:19 - 26/10/13 por Lusa

Mundo Especialista

"Não há a mínima hipótese de a guerra civil regressar a Moçambique, quanto mais não seja porque há uma rejeição total e completa da população contra o reinício da guerra, seja por que motivo for", afirmou à Lusa o professor do Centro de Estudos Africanos do ISCTE.

Ouvido pela Lusa sobre os confrontos militares da última semana em Moçambique, Fernando Jorge Cardoso admitiu que há três desfechos possíveis: a manutenção do conflito, o agudizar da tensão, nomeadamente com a liquidação das cúpulas do maior partido da oposição, ou a via diplomática.

O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, encontra-se em lugar incerto, depois de a sua residência, no centro do país, ter sido tomada pelas forças de defesa e segurança moçambicanas, num assalto que o Presidente, Armando Guebuza, justificou como legítima defesa por parte do exército, afirmando que vinha sendo alvo de ataques por parte dos homens armados do movimento.

"O cenário que me parece ter mais expressão do ponto de vista da vontade política, da população, da comunidade internacional e das forças organizadas - tirando algumas forças dentro da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] e da Renamo - é a resolução do conflito pela via diplomática e o regresso de Dhlakama à vida política normal", considerou.

Para tal, explicou, tem de ocorrer a desmilitarização da Renamo e "um apaziguamento através de uma maior integração das suas chefias nas estruturas do aparelho estatal, de segurança e particularmente do aparelho económico".

"Parece-me que o Estado moçambicano poderá avançar para este cenário e que não será difícil conseguir apoio financeiro externo", sustentou o professor.

Fernando Jorge Cardoso antecipa que "vai haver a intervenção de intermediários e há de haver um momento em que Guebuza e Dhlakama se vão encontrar, possivelmente não em Maputo, seguramente não na Gorongosa".

"O que é necessário, e deverá estar a acontecer um esforço de natureza diplomática interno - mais do quer regional ou internacional - é proporcionar o tal encontro há muito e sempre adiado entre os dois líderes para discutirem de uma vez por todas um acordo que leve ao fim deste conflito", acrescentou.

Outro cenário admitido pelo professor do ISCTE é o de a situação atual se "eternizar no tempo", com conflitos localizados e instabilidade, afetando o crescimento económico do país, o que seria como "uma espada sobre o país e sobre a população, que está completamente farta da guerra".

Por fim, a situação também pode "piorar rapidamente ao nível militar", com "o aniquilamento físico ou captura da cúpula da Renamo, incluindo do seu líder", reconheceu.

Contudo, salientou, "o Presidente Guebuza não estará nada interessado em ser considerado o presidente que reiniciou a guerra e que mandou matar Dhlakama; quererá ficar na Mistória como o protagonista da paz e de um processo de crescimento económico".

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