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"Desigualdades, violência ou sexismo" mantêm feminismo na moda

A professora e investigadora em estudos do género Lynne Segal defendeu hoje que fenómenos como as desigualdades, prostituição, violência ou abuso sexual justificam o ressurgimento do feminismo, defendendo que estes são problemas que acfetam todos os países.

"Desigualdades, violência ou sexismo" mantêm feminismo na moda
Notícias ao Minuto

16:52 - 11/10/13 por Lusa

Mundo Investigador

Lynne Segal está em Lisboa para a apresentação da Universidade Feminista, um projeto promovido pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que pretende ser um ponto de encontro informal de pessoas interessadas nas questões relacionadas com o estudo do género.

Em declarações à agência Lusa, a investigadora sublinhou que tem havido um "certo ressurgimento" do feminismo um pouco por todo o mundo porque "muitas das questões que levaram as mulheres ao ativismo há cerca de 40 anos ainda estão presentes".

"A prostituição, a violência e o abuso sexual contra mulheres são fenómenos que têm vindo a aumentar em vez de diminuírem, apesar de tudo o que sabemos e de todas as condenações desses fenómenos", apontou, sublinhando que enquanto existirem essas desigualdades haverá muito trabalho a fazer em relação às mulheres.

Na opinião da investigadora, ao mesmo tempo que o feminismo conseguiu beneficiar muitas mulheres, muitas outras continuam à margem da proteção que o feminismo procurou trazer.

Lynne Segal apontou que este é um problema que afeta todos os países, apesar de formas diferentes, dando como exemplo o facto de não se ter conseguido até agora acabar com o sexismo.

"O que se vê, quando se olha mais atentamente, é que, ao contrário dos homens, estas mulheres que têm sucesso nas carreiras, são mulheres que têm mais probabilidade de viverem sozinhas, mulheres que não puderam escolher ter filhos na mesma medida que os homens, enquanto muitos homens que estão no topo da carreira têm esposa e vários filhos", apontou.

A britânica questiona-se porque é que isto ainda acontece quando, defende, "as mulheres são perfeitamente capazes de fazer a maior parte das coisas que os homens fazem".

Lynne Segal sublinhou que se tem assistido a um feminismo mais liberal, promovido em muitos países ocidentais, que tem permitido muitas mudanças nas condições das mulheres, mas defendeu que são necessárias mudanças mais profundas como, por exemplo, "um tipo de capitalismo mais cuidadoso".

"De facto, temos visto o reverso disso nas décadas recentes, com políticas neoliberais a tomarem poder e a definirem medidas que têm impacto nas mulheres, de modo que se torna difícil, tanto para mulheres como homens, serem totalmente humanos, ou seja, terem o trabalho que eles gostam e ao mesmo tempo estarem completamente comprometidos com o seu lugar na 'força de trabalho'", apontou a investigadora.

Sublinhou que as pessoas afetadas pela crise vão ser sempre as mais pobres e aquelas que mais precisam do sistema de proteção social, apontando que não se pode impor a austeridade a toda a gente, já que "estas medidas de austeridade são políticas de morte".

Como medidas para contrapor a esta realidade, Lynne Segal propõe que se pense nos "grandes perigos" que traz o aumento das desigualdades, sugerindo também que se avalie a extensão do papel que tanto homens como mulheres podem ter na criação de bem-estar.

"Isso significa mais controlo de coisas como o dia de trabalho e mais responsabilidade coletiva no bem-estar de todos", sustentou.

Por último, pediu o combate a fenómenos como a violência contra mulheres ou a prostituição, apontando que estão "estreitamente" relacionados com a pobreza.

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