Mais um síndrome que passou de animais para humanos
O maior estudo realizado sobre o genoma do coronavírus responsável pelo Síndrome Respiratório do Médio Oriente (MERS) sugere que o vírus passou de animais para humanos mais do que uma vez e também que há transmissão entre humanos.
© Lusa
Mundo Médio Oriente
O estudo, hoje publicado na revista científica Lancet, analisa os genomas de vírus obtidos diretamente de 21 doentes com o síndrome em diversas regiões da Arábia Saudita, o país onde o coronavírus surgiu pela primeira vez, em junho de 2012, e o mais afetado pela doença, com 49 mortos.
Com recurso a técnicas avançadas de análise de ADN, a equipa de investigadores, liderados por Ziad Memish, do Ministério da Saúde da Arábia Saudita, Alimuddin Zumla, da University College de Londres, e Matt Cotton e Paul Kellam, do Wellcome Trust Sanger Institute, em Cambridge, conseguiu reconstruir como, quando e onde o vírus evoluiu.
Isto permitiu-lhes estabelecer se as infeções em humanos tiveram origem num só evento zoonótico (se o vírus passou apenas uma vez de um animal para um humano), com transmissões subsequentes entre humanos, ou se continua a transmitir-se repetidamente de animais para humanos.
Os resultados, escreve a revista no resumo do artigo, "sugere que uma só transmissão de animal para humano é improvável", sendo mais provável que o vírus tenha passado de um reservatório animal para humanos em diversas ocasiões, além de se transmitir entre humanos.
Variantes genéticas diversas do vírus apareceram em Riade e esta diversidade parece indicar que o vírus está a ser transmitido aos humanos de um reservatório animal que é continuamente importado de outras regiões.
Alternativamente, a diversidade pode dever-se ao facto de Riade ser o maior centro populacional, e portanto propício a transmissões de humano para humano.
Embora tenha sido encontrado um antepassado do vírus em morcegos e tenham sido detetados sinais do vírus em camelos dromedários, até agora não foi identificado definitivamente qualquer reservatório animal.
Os autores do artigo da Lancet reiteram a necessidade urgente de continuar a fazer estudos em animais na região para encontrar a origem do vírus.
O MERS fez a sua primeira vítima na Arábia Saudita em junho de 2012 e desde então foram registadas pelo menos 54 mortes, de entre 114 casos confirmados, a maioria na Arábia Saudita, segundo dados da OMS divulgados a 07 de setembro.
Os restantes casos afetaram pessoas que viajaram para o Médio Oriente.
O novo coronavírus pertence à família do vírus responsável pelo Síndrome Respiratório Agudo Severo (SARS), que em 2003 fez quase 800 mortos.
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