Luís Borges escreveu mais um texto no seu blogue mas, desta vez, contou uma história do passado que envolve uma prostituta.
"Era um dia normal, estava em casa quando começo a ouvir os berros de desespero de uma senhora. 'Devolve-me a carteira' - gritava sem parar. No primeiro momento achei que seria uma mera discussão entre um casal. Espreitei pelo olho mágico da porta na expectativa de tentar perceber o que se passava e foi aí que vi alguém a descer as escadas a correr. Abri a porta e fui atrás dela, porque o seu pedido de socorro não parava de ecoar. Saiu pela porta de serviço do prédio e correu rapidamente até ao estacionamento da parte detrás. Quando lá cheguei tentei perceber o que se passava. Outro vizinho fez o mesmo na tentativa de ajudar e perceber quem foi o ladrão da carteira. Perguntei se morava ali, ao qual me respondeu que não! Se o homem que a tinha roubado morava no prédio?! A resposta foi negativa. Estava visivelmente perturbada e mal conseguia falar. (…) Voltei a insistir nas minhas questões e quis saber porque estava ali no prédio. Foi aí que me disse: "Fui com um senhor fazer um serviço. Faço isto para sustentar as minhas filhas". Fiquei sem fala, sem reação e sem resposta perante tudo aquilo. São aquelas coisas que sabemos que acontecem, mas ouvir a tristeza naquelas palavras fez-me sentir um vazio", começou por contar o modelo.
Luís contou ainda que inicialmente o homem levou a mulher para o parque e depois "disse para subirem, como se morasse naquele prédio".
"Disse-lhe que ela não precisava de levar a carteira, que a podia deixar no carro. Ela nem desconfiou. Entraram no prédio quando uma vizinha saiu para passear o cão. Subiram até ao último andar e foi aí que ele disse para ficarem nas escadas de serviço para acabarem o que começaram no carro mesmo ali. Depois ele simplesmente começou a descer as escadas e nunca mais conseguiu apanhá-lo", acrescentou.
A mulher confessou na altura que tinha vergonha de ir à esquadra (apresentar queixa) vestida daquela maneira, e dizer que era uma prostituta.
"Disse-lhe que não tinha que ter vergonha do que fazia, era um trabalho, e que se o fazia como forma de sustentar as três filhas que tinha em casa, não tinha que ter vergonha disso.(…) Prontifiquei-me a ir com ela até à esquadra, não quis que o fizesse sozinha e não ia conseguir voltar para casa a pensar no destino daquela mulher. Pelo caminho perguntei-lhe se tinha dinheiro na carteira e disse-me que só tinha 25 euros do serviço que tinha feito ao homem que a roubou. (…) Cheguei à PSP e falei com o agente, contei-lhe o sucedido e ele agradeceu", escreveu.