Redução da desigualdade pode contribuir para diminuição da poupança
O Banco de Portugal (BdP) afirmou hoje que a redução da desigualdade na distribuição do rendimento em Portugal poderá contribuir para diminuir a poupança, uma vez que as famílias que mais recebem são as que mais poupam.
© Dinheiro Vivo
Economia BdP
No Boletim Económico divulgado hoje, o banco central dedica um capítulo à poupança das famílias, explicando que a taxa de poupança aumenta com o rendimento das famílias, o que "implica que a poupança se distribui de forma muito desigual entre a população".
Segundo dados do BdP, "cerca de 80% da poupança em Portugal é gerada por 20% das famílias que têm rendimentos mais elevados" e, "em contraste, as famílias de menores rendimentos apresentam uma poupança negativa".
Assim, neste contexto, afirma a instituição liderada por Carlos Costa, "alterações da desigualdade na distribuição do rendimento poderão ter um impacto não negligenciável sobre a evolução da poupança agregada".
De acordo com dados do BdP, entre 1999 e 2015, a taxa de poupança das famílias diminuiu de cerca de 11,4% para 4,2% do rendimento disponível, o que corresponde, em termos nominais a uma queda de cerca de 47%.
O banco central escreve que a taxa de poupança das famílias em Portugal tem apresentado uma tendência de redução desde a entrada no euro, que foi apenas temporariamente interrompida com a crise económica e financeira, e que contrasta com a registada na média da área do euro.
A evolução da poupança das famílias, afirma o BdP, depende da idade dos agentes, do seu rendimento, da riqueza, bem como do acesso aos mercados de seguro e de crédito. Adicionalmente, o BdP enfatiza o grau de incerteza e a natureza dos choques económicos que condicionam a evolução da economia em cada momento.
Nesse sentido, o BdP afirma que, "nos últimos anos, a poupança terá ainda sido afetada por grandes alterações no grau de incerteza quanto ao enquadramento macroeconómico das famílias e por revisões nas suas expectativas de rendimento permanente".
Esse impacto "tenderá a dissipar-se num futuro próximo na ausência de choques adicionais", considera o BdP, sugerindo que, desse modo, "a poupança das famílias poderá aumentar no futuro próximo, ainda que para níveis inferiores aos observados antes da crise financeira global".
"Esta conclusão é corroborada pela evolução das intenções de poupança das famílias no último quartil [25%] de rendimento, que são responsáveis pela quase totalidade da poupança em Portugal", uma vez que os dados sugerem que "o aumento da riqueza líquida em Portugal acompanhou basicamente o crescimento nominal do rendimento disponível".
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