Analistas esperam novo corte da taxa de juro e mais compra de ativos

Os analistas contactados pela Lusa esperam que, na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) volte a cortar a taxa de juro dos depósitos e que aumente a dimensão do programa mensal de compra de ativos.

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Lusa
08/03/2016 19:23 ‧ 08/03/2016 por Lusa

Economia

Banco Central

O conselho de governadores do BCE reúne-se esta quinta-feira, com os investidores a esperar a adoção de novos estímulos monetários, uma vez que o presidente da instituição, Mario Draghi, disse na semana passada que vai rever e reconsiderar os atuais estímulos monetários na próxima reunião.

A economista do BPI Paula Carvalho antecipa que o BCE "vá ao encontro de, pelo menos, algumas expectativas dos investidores" e dá como exemplos o corte da taxa dos depósitos dos bancos junto do banco central "em mais 10 pontos base para -0,4%".

Além disso, também considera que é possível que o BCE "aumente o leque de produtos abrangidos pelas aquisições mensais de títulos (possivelmente dívida empresarial), ajuste a dimensão do programa, para 70 mil milhões de euros por mês e eventualmente alargue de novo a sua duração".

Paula Carvalho admite ainda a possibilidade de a instituição liderada por Mario Draghi "introduzir uma taxa de depósitos por escalões, penalizando as instituições que depositem mais fundos junto da instituição".

No mesmo sentido, a equipa de análise do banco BiG antecipa um aumento dos montantes de compra de ativos "em cerca de 10 mil milhões de euros mensais", uma extensão do período do programa e "o compromisso para continuar a repetir estas medidas" no futuro.

Os economistas do BiG consideram que, "apesar do programa de compra de ativos muito provavelmente ter evitado problemas orçamentais graves na periferia europeia, é um facto que a economia e a inflação na Europa continuam anémicas".

Por isso mesmo, os analistas do BiG defendem que "Mario Draghi tem legitimidade para continuar a insistir no reforço das políticas de 'quantitative easing'".

Já o gestor de ativos do banco Carregosa Rui Bárbara reconhece que "todos os observadores esperam que o BCE faça algo mais", mas diz ser "difícil dizer o quê sem entrar em especulações", considerando mesmo que "o BCE está "entre a espada e a parede".

Isto porque, acrescentou, o BCE "já comprou muita dívida soberana e alguns países já estão com as 'yields' negativas", além disso "descer mais as taxas pode ser contraproducente para o setor bancário que ainda está muito debilitado e estas taxas negativas afetam a rentabilidade da banca".

Assim sendo, para o BiG, "dar mais estímulos sem prejudicar o setor bancário é, neste momento, a quadratura do círculo para o BCE", antecipando, no entanto, a hipótese de o BCE decidir "comprar dívida dos próprios bancos".

Questionados sobre os efeitos dos anúncios do BCE, Paula Carvalho, do BPI, diz existir "uma probabilidade elevada" de Frankfurt "desapontar o mercado", uma vez que "as expectativas relativamente a estímulos monetários têm evoluído para patamares excessivos que denotam dependência anormal deste tipo de estímulo".

Por isso, considera que "é possível que a reação seja negativa, penalizando os ativos europeus com maior risco e o euro", sublinhando que "parece pouco plausível (ainda que não de todo impossível) que o BCE consiga surpreender o mercado".

Já o BiG entende que, se o BCE "não desiludir" as expectativas dos investidores, então "as ações e obrigações europeias deverão reagir favoravelmente" e o euro deverá depreciar-se, embora este movimento deva ser "algo limitado tendo em conta que o mercado está cada vez mais focado na evolução da economia e nos resultados reais".

Também Rui Bárbara, do banco Carregosa, afirma que a reação dos mercados vai sempre depender do que for anunciado mas recorda que "quando o banco central do Japão optou por taxas negativas isso influenciou a queda de todo o setor bancário", alertando para essa possibilidade também na Europa.

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