"O que está em cima da mesa já não é alterar a localização, essa está consolidada, que é a Portela+1, agora o que temos que ver é o plano diretor que a ANA [Aeroportos de Portugal] tem e que não conhecemos", resumiu o presidente do conselho metropolitano de Lisboa, Basílio Horta (PS).

Segundo o também autarca de Sintra, "não há dúvida de que a questão do aeroporto de Lisboa é estratégica para toda a região, portanto é natural que todos, sem exceção, se possam pronunciar e intervir nessa discussão".

A questão do aeroporto deverá ser abordada numa reunião pedida pelo presidente do conselho metropolitano, órgão deliberativo dos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML), ao novo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

O socialista Fernando Medina recordou que a autarquia era "a favor da saída do aeroporto do concelho de Lisboa por razões de segurança" e de qualidade de vida das populações, mas compreende que as dificuldades financeiras do país levem a uma "solução mista" com a expansão para a base aérea do Montijo.

"Do ponto de vista de Lisboa, a nossa posição de princípio é favorável a esta solução, mas tem de se acautelar os impactos", relacionados principalmente com as acessibilidades à cidade e ao aeroporto, frisou o presidente da autarquia.

O primeiro secretário executivo, Demétrio Alves, informou que, no conselho consultivo da ANA-Aeroportos de Portugal, no qual participou, foi comunicado que "é urgente a aprovação do plano diretor do aeroporto de Lisboa".

"Seria muito importante que a AML também acompanhasse este assunto com a ANA e o Governo", defendeu o técnico metropolitano, acrescentado que existem três decisões a tomar no curto prazo: acabar com uma das pistas em Lisboa, decidir pela adaptação de uma segunda pista na base do Montijo e adotar uma nova gestão do espaço aéreo.

O plano diretor do aeroporto "é preciso para os municípios da península de Setúbal saberem quais são os cones de aproximação e que consequências isso pode ter em cada um" dos concelhos, alertou Carlos Humberto, presidente da câmara de Barreiro.

O autarca da CDU reiterou que, tendo o Governo de Passos Coelho desistido da construção de um novo aeroporto e optado pela solução Portela+1, "o 'mais um' fosse a fase zero do aeroporto no campo de tiro de Alcochete".

Na discussão voltaram também a ser abordadas outras alternativas, já abandonadas pelo Governo, como o aproveitamento de Alverca, de Sintra e de Tires (Cascais).

Considerando que a pista de Alverca reúne condições para receber todo o tipo de aeronaves, nomeadamente de voos executivos, o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), sugeriu que a infraestrutura da OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) seja, pelo menos, usada para manutenção dos aparelhos da TAP.

Bernardino Soares (CDU), presidente da Câmara de Loures, criticou que "o município não tenha sido consultado" sobre o novo plano diretor do aeroporto, quando 25% dos terrenos estão situados no seu concelho, penalizado pela "poluição sonora" e "restrições urbanísticas devido a servidões aeronáuticas".

Para Nuno Canta, presidente da Câmara do Montijo, a expansão para a base aérea nº 6 "tem impacto diretamente" no seu município e em Alcochete, "mas terá também em todos os concelhos vizinhos da margem sul".

O autarca sublinhou, no entanto, a necessidade de se fazer um novo acesso direto do aeroporto à Ponte Vasco da Gama, o que não estava assegurado no memorando apresentado pouco antes das eleições legislativas.