Numa curta missiva endereçada ao advogado da AIEPC, Nuno Silva Vieira, a presidência da república francesa informa que François Hollande tomou nota das queixas que chegaram relativas à resolução do BES e que encaminhou a informação para o ministro das Finanças do país, Michel Sapin.
No dia 09 de setembro, a AIEPC enviou uma comunicação para vários líderes europeus, entre os quais Hollande, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, denunciando "a aplicação pelo Banco de Portugal da diretiva 2014/59/UE do Parlamento Europeu e do Conselho de 15 de maio de 2014 - de forma desviante - colocando em causa o regime da resolução bancária na Europa".
No comunicado que hoje divulgou junto com a resposta da presidência francesa, o advogado da associação, Nuno Vieira, considera que na carta François Hollande "revela preocupação" e diz estar "profundamente chocado com a arrogância de algumas instituições portuguesas -- ligadas diretamente à resolução do BES -- que se têm recusado a reunir com os lesados e se escondem de todas as responsabilidades que o Estado de Direito lhes impõe".
Para o advogado dos clientes que se sentem lesados com a medida aplicada ao BES no verão do ano passado, "não é admissível num Estado de Direito democrático ser mais fácil dialogar com um chefe de Estado estrangeiro do que com as próprias instituições e banqueiros portugueses".
A 03 de agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, tendo aplicado uma medida de resolução que separou a instituição em duas entidades: o chamado 'banco mau' (que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos considerados tóxicos) e o banco de transição, que foi designado Novo Banco.