Em seis anos, o Estado português investiu 15,85 milhões de euros na banca nacional. Entre 2008 e 2014, cada contribuinte foi indiretamente responsável por 1.500 euros emprestados ao sistema financeiro, através da compra de ativos e de recapitalizações.
As contas são do Eurostat e revelam uma realidade negativa para as contas públicas, que até agora não foi compensada pelos juros e dividendos pagos pelas instituições financeiras. No total, os cofres portugueses receberam apenas 1,17 mil milhões de euros da banca, agravando o peso do auxílio prestado no défice e dívida nacional.
De acordo com os dados de Bruxelas citados pelo Jornal de Negócios, os empréstimos à banca contribuíram com 10 mil milhões de euros para o saldo negativo do Estado entre 2008 e 2014. O Novo Banco foi responsável por quase metade do ‘buraco’, graças à ajuda de 4,9 mil milhões de euros recebida o ano passado através do Fundo de Resolução.
O ano de 2014 foi mesmo o pior dos últimos seis no que toca ao efeito negativo da banca para o Estado: Portugal teve, dentro da zona euro, o segundo maior impacto no défice provocado pelas ajudas ao sistema financeiro, ficando apenas atrás da Áustria.
Na dívida pública o cenário é ainda pior. Algumas operações não são contabilizadas no défice anual devido às regras europeias, mas fazem engordar o saldo negativo total dos cofres portugueses. Ao longo do ciclo de seis anos analisado pelo Eurostat, a banca acrescentou 19 mil milhões de euros à dívida nacional, um valor que equivale a cerca de 11% do PIB.
A situação poderá agravar-se nos próximos meses, caso se confirme a necessidade de recapitalizar o Novo Banco após os testes de stress do BCE e uma nova injeção de capital no Banif.