Falta de Estado Social leva novas gerações a procurarem 'almofadas'
As antigas gerações estão a ajudar os seus filhos e netos a fazerem frente à crise.
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Economia Estudo
Com base na investigação ‘Finanças conjugais em tempos de crise’, Lina Coelho, subdiretora da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, conclui que as gerações atuais estão, em alguns casos, a viver à custa dos apoios que lhe são concedidos pelas gerações anteriores. A culpa desta situação tem a ver com a falta de Estado social no país.
A professora refere que a crise levou a que as famílias tivessem que alterar a forma como gerem os seus rendimentos, no sentido da “aquisição de bens”. Isto obrigou-os a abdicar “de necessidades como férias" e "programas de lazer fora de casa”.
“Tudo aquilo que se afigurava como mais ou menos dispensável sofreu grandes ajustamentos”, explica ao Público, acrescentando que “a sociedade portuguesa caracteriza-se pela insuficiência do Estado social, das respostas que este dá às famílias” e que isso deixa “as pessoas muito vulneráveis aos riscos de desemprego, de doença, de velhice”.
A solução para muitos desses casos são “as práticas generalizadas de solidariedade, nomeadamente de matriz intergeracional, o que faz com que haja almofadas de segurança para as pessoas que lhes permitem preservar aquilo que elas consideram essencial”, refere.
“A atual geração de idosos está a sustentar o padrão de vida dos filhos e dos netos, mas estes já não vão conseguir reproduzir o modelo em relação aos seus próprios filhos e netos, porque a tendência instalada é para a redução dos montantes de reforma”. considera.
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