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Crédito é sinal de recuperação mas pode desequilibrar contas externas

O crédito aos particulares continua em níveis mínimos de 2007 mas os novos empréstimos voltaram a subir, o que reflete a confiança dos portugueses na melhoria da economia, embora possa desequilibrar a balança externa, alertam analistas consultados pela Lusa.

Crédito é sinal de recuperação mas pode desequilibrar contas externas
Notícias ao Minuto

11:57 - 29/08/15 por Lusa

Economia Analistas

Apesar de o total de empréstimos dos bancos a particulares estar no nível mais baixo em oito anos, o novo crédito ao consumo tem vindo a recuperar e os novos financiamentos bateram já em 2015 máximos de vários anos. Só em junho, foram celebrados créditos para comprar bens de consumo no valor de 409,382 milhões de euros, mais 21,5% do que no mesmo mês de 2014.

De acordo com Rui Bárbara, economista do Banco Carregosa, como nas economias modernas os ciclos de crédito estão muito ligados aos económicos, é natural que haja uma recuperação dos empréstimos concedidos agora que a economia começa a dinamizar.

"Passámos da fase da contração do crédito (que vem com as recessões) para a fase de maior concessão de crédito, típica do fim da recessão e que alimenta a própria recuperação do PIB [Produto Interno Bruto]. A própria disponibilidade da banca para emprestar mais, tal como desejava o BCE [Banco Central Europeu], é um indicador da proximidade da mudança de ciclo", resumiu o analista deste banco de investimento.

Também Filipe Garcia, da Informação de Mercados Financeiros (IMF), justifica este aumento do crédito concedido aos particulares com o facto de as famílias, que "adiaram o consumo" durante os anos mais graves da crise, "voltarem agora a querer consumir, nomeadamente bens duradouros, e estarem mais confiantes em relação ao futuro".

No entanto, Filipe Garcia considera que, apesar de haver ainda "mais prudência dos bancos" na concessão de empréstimos às famílias, "é uma mera questão de tempo até se voltar a algum laxismo no crédito ao consumo".

"Portanto, a prazo não estou particularmente otimista", conclui.

Para os economistas, contudo, o problema é saber qual o efeito deste aumento do consumo nas contas externas, uma vez que a história económica recente mostra que quando os portugueses têm mais dinheiro no bolso (mesmo que através do crédito) aumentam o consumo, o que tem impacto sobretudo nas importações. Isto pode fazer com que a balança comercial, que passou a ser positiva em 2013, volte a apresentar défices, com as importações a superarem as exportações.

Filipe Garcia explica precisamente que, "sempre que o consumo privado ou o investimento aceleram, o mesmo acontece com as importações, tornando a balança comercial deficitária".

Para Rui Bárbara, "o verdadeiro problema" é mesmo garantir que mais consumo não vai voltar a penalizar as contas externas: "Será que reequilibrámos e fortalecemos a estrutura económica nos últimos anos? Tenho sérias dúvidas. E é por isso não ter acontecido que se pode voltar ao mesmo ciclo vicioso: aumento do crédito e do consumo com o proporcional aumento das importações, o que voltará a agravar o desequilíbrio a balança externa", adverte o economista.

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