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BES: Crise deixou em risco museu e escolas da Fundação

O colapso financeiro do antigo Banco Espírito Santo (BES) deixou em risco a sustentabilidade do museu e das escolas da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS), que perdeu o seu principal mecenas, em 2014.

BES: Crise deixou em risco museu e escolas da Fundação
Notícias ao Minuto

21:12 - 02/08/15 por Lusa

Economia FRESS

O alerta foi dado no ano passado, pelo Conselho de Curadores da FRESS, quando divulgou um comunicado anunciando que iria procurar garantir a sustentabilidade financeira da fundação, na sequência da crise que atingiu os mecenas principais do Grupo Espírito Santo.

Depois de o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, ter admitido, no parlamento, que achava "preocupante" a situação financeira da FRESS, foram iniciadas reuniões entre o seu gabinete, a Santa Casa da Misericórdia e a Câmara Municipal de Lisboa, para tentar "encontrar caminhos" que salvaguardassem o património e o funcionamento da instituição com trabalho premiado internacionalmente.

As dificuldades financeiras da FRESS resultam, em particular, do corte do apoio do seu principal mecenas, o antigo Banco Espírito Santo (atual Novo Banco), na sequência do colapso do grupo, em Portugal e no estrangeiro.

Em novembro do ano passado, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um processo de classificação da coleção de obras de arte da FRESS, por a considerar relevante para o património cultural português.

A medida foi tomada por precaução para proteger uma coleção reunida ao longo de décadas, sobretudo composta por obras de arte de origem portuguesa e francesa, em particular do século XVIII.

Considerada "única", pela DGPC, a coleção foi reunida por Ricardo Ribeiro Espírito Santo Silva (1900-1955), que se destacou como o maior colecionador de arte portuguesa do século XX.

Este conjunto esteve na génese da criação da FRESS, em 1953, com sede no Palácio Azurara, em Lisboa, remodelado para a instalação de um museu-escola de artes decorativas portuguesas.

As obras de artes plásticas de artistas nacionais e estrangeiros incluem quadros, gravuras, encadernações, pratas, peças de joalharia, tapetes, tecidos, bordados, trabalhos em barro, vidro e ferro.

Atualmente, a FRESS detém o Museu de Artes Decorativas e mais 18 oficinas de artes e ofícios tradicionais portugueses, que ensinam intervenção especializada no património, nas vertentes de conservação e restauro.

A FRESS tutela ainda duas escolas para ensino das Artes: a Escola Superior de Artes Decorativas (ESAD) e o Instituto de Artes e Ofícios (IAO).

Também para evitar a saída do país, a DGPC abriu um processo de classificação, como tesouro nacional, da Coleção Numismática Carlos Marques da Costa, adquirida pelo BES e agora na posse do Novo Banco.

Esta medida determina que o conjunto "não pode ser objeto de desmembramento ou dispersão, e fica abrangido pelas demais disposições legais", constantes na Lei de Bases do Património Cultural, nomeadamente o impedimento de sair do país.

A coleção é composta por 16.575 exemplares, e acompanha a emissão de moeda ao longo de 2.000 anos, desde a Antiguidade e do período anterior à fundação da nacionalidade, a toda a História de Portugal. A coleção integra ainda peças de antigas colónias portuguesas, nomeadamente do Brasil, da Índia, Moçambique e Angola.

Entre as peças desta "coleção única" constam 36 barras de ouro que serviram de moeda, e que têm um peso que vai dos 40 gramas a 1,2 quilos.

Quando se deu a crise do BES, os artistas e agentes culturais temeram pelo cancelamento do Prémio BES Photo, de 40 mil euros, o de valor mais elevado para as artes visuais existente em Portugal e também aberto aos países de língua oficial portuguesa.

Ao fim de dez anos de existência do prémio, a nova administração, do Novo Banco, decidiu manter o galardão, no mesmo valor. O vencedor da edição deste ano, em parceria com o Museu Coleção Berardo, será anunciado a 22 de setembro.

O BES, tal como era conhecido, acabou a 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos, no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), que ficou sem licença bancária.

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