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Mais de 200 lesados do BES manifestam-se em Paris

Mais de duas centenas de emigrantes portugueses vítimas do colapso do Banco Espírito Santo manifestaram-se esta manhã, em frente a uma agência do banco em Paris, para reclamar o reembolso das poupanças que investiram.

Mais de 200 lesados do BES manifestam-se em Paris
Notícias ao Minuto

11:37 - 30/05/15 por Lusa

Economia Emigrantes

Se não forem ouvidos, os manifestantes prometem novo protesto em Lisboa, na Avenida da Liberdade, a 10 de agosto, disse à Lusa a organizadora da concentração, Amélia Reis, de 57 anos, antiga ama dos sobrinhos de Ricardo Salgado e a viver em Paris desde 1976.

"Estamos aqui a manifestar-nos para recuperar as nossas economias, muitos anos de sacrifício. Também tenho servido de psicóloga porque as pessoas muito desesperadas telefonam-me a perguntar se tenho mais alguma novidade para dar. Infelizmente não tenho. A resposta dos bancos é sempre a mesma. Eles continuam a mentir, a dizer que o problema a vai ser resolvido, mas nunca nos dizem quando", afirmou Amélia Reis.

Amélia Reis é porteira e terapeuta de reflexogia, tendo trocado a aldeia de Vinhas, em Macedo de Cavaleiros, por Paris, em 1976. Foi em 2002 que aderiu ao BES e subscreveu as chamadas 'Poupanças Plus' que lhe foram apresentadas como contas a prazo.

A concentração começou às 09h00 (08h00 em Lisboa), em frente ao palacete onde uma placa dourada assinala a presença do BESV (Banque Espírito Santo et de la Vénétie) na Avenue Georges Mandel, no décimo sexto bairro de Paris, e a polícia também marcou presença.

Maria Adelina, de 59 anos, está em França desde os sete anos, tendo emigrado de Leiria e hoje diz não querer "mais ser portuguesa" devido ao dinheiro que investiu e que não consegue reaver.

"Saí de lá descalça, a comer broa seca e terei que entrar em Portugal novamente assim porque me roubaram tudo. É triste ser português. Muito triste. São todos uns ladrões e querem que morremos à fome como quando de lá saímos", lamentou a portuguesa à Lusa, ameaçando: "Senão vou lá, ponho uma garrafa de gás à cintura!".

António Marrão tem 63 anos e vive na região de Paris desde 1968, quando saiu de Vimioso, em Bragança, tendo aberto contas no BES há 40 anos.

"A conta foi aberta nos anos 80. Não vou dizer o montante, mas pode representar duas grandes vivendas na região de Lisboa e da Grande Lisboa. Hoje estamos à espera do nosso dinheiro. Sempre nos prometeram que a porta vai-se abrir. Até à data de hoje não temos nada, há dez meses que estamos à espera", declarou, acrescentando que lhe tinham dito que era dinheiro "isento de impostos" e que agora as finanças portuguesas lhe estão "a pedir contas".

Também a gritar "Queremos o nosso dinheiro" esteve António Luís que vive em França há 30 anos e que aponta o banco como responsável por um "crime contra a humanidade".

"O que se está a passar hoje aqui em Paris é uma mancha preta para Portugal. Queria dizer ao Governo português que o que se passa com o banco é que estão a roubar os emigrantes", declarou o emigrante do Porto.

José Roque Esteves foi outro dos manifestantes que mais elevou a voz, entoando "O Povo unido jamais será vencido".

"Que tenham vergonha, nós deixámos o país para eles. Viemos ganhar o nosso dinheiro para fugir à fome, para fugir ao salazarismo, fizemos economias para voltar ao país e aqueles ladrões roubaram as nossas economias", disse o português de 75 anos, em França há mais de 55 e oriundo dos Arcos de Valdevez.

O Bloco de Esquerda França também marcou presença na manifestação porque "os portugueses devem exigir as suas economias", disse à Lusa Cristina Semblano, dirigente do partido. "Nós não podemos admitir que os emigrantes portugueses de França, como os do Luxemburgo, da Suíça, como os portugueses que foram enganados pelo BES, se acomodem à situação. Os emigrantes portugueses confiaram ao BES o produto das suas economias de uma vida de trabalho", afirmou.

Em esclarecimento enviado à agência Lusa, fonte próxima do processo reiterou que "o Novo Banco já possui uma solução, à qual o Banco de Portugal não se opõe, para as aplicações dos clientes emigrantes que investiram em ações preferenciais, através dos produtos Poupança Plus Top Renda e EuroAforro", precisando que há 8.000 clientes que deverão receber 800 milhões de euros aplicados em dívida do BES.

De acordo com o esclarecimento, "a execução da solução comercial passa pelo crédito das obrigações nas contas dos clientes, o que apenas pode ser alcançado com a prática de formalidades prévias de liquidação das ações preferenciais", não sendo indicada uma data para "a apresentação da solução aos clientes" mas informando que "a solução permitirá, a prazo, uma recuperação importante do capital investido".

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