"Falei com o doutor Vítor Gaspar, [então] ministro das Finanças, não consigo precisar exatamente o dia, entre finais de maio, princípios de junho, de 2013. Nessa conversa (...) tocámos vários assuntos, e um dos assuntos que referi ao então ministro foi a minha preocupação com a situação no GES e no BES", declarou Ulrich na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
Nas respostas escritas à comissão, Vítor Gaspar havia dito que só tomou conhecimento das dificuldades financeiras do GES no final de 2013.
"Ouvi falar de dificuldades financeiras idiossincráticas no GES no final de 2013. Em termos concretos, soube, mais tarde, das implicações da exposição do BES [Banco Espírito Santo] ao GES pela imprensa especializada internacional", lê-se nas respostas do antigo governante.
Ulrich diz que depois de ter avisado Gaspar foi contactado "em menos de 48 horas" por um "alto funcionário do Banco de Portugal" para ser agendada uma reunião sobre a matéria.
"Nessa conversa expliquei mais em detalhe as razões de ser das preocupações que tinha partilhado com o senhor ministro das Finanças. O que aconteceu a partir daí, não sei. Se tinha uma preocupação importante, partilhei-a com o ministro porque tive oportunidade de o fazer", vincou.
No arranque da sua audição, Ulrich declarou ser amigo desde há algumas gerações da família Espírito Santo, mas realçou que ninguém "pode estar em torres de Marfim".
"Todos temos de prestar contas", sublinhou, definindo como "muito importante" o trabalho que está a ser desenvolvido na comissão parlamentar de inquérito.
A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de novembro e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de fevereiro, mas foi prolongado por mais 60 dias.
Os trabalhos dos parlamentares têm por objetivo "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".