Fonte ligada às negociações disse à agência Lusa que estes três projetos incluem uma nova interligação por via marítima (cabo submarino no Golfo da Biscaia) e dois outros através dos Pirinéus. As três interligações vão entrar na lista dos Projetos de Interesse Comum (PIC) da União Europeia, para que possam ser candidatos a financiamentos.

Esse financiamento pode incluir verbas do Banco Europeu de Investimento (BEI) e/ou de fundos comunitários como o "Connecting Europe Facility".

A cimeira tripartida de quarta-feira conta com os chefes de Governo de Portugal, Pedro Passos Coelho, de Espanha, Mariano Rajoy, e com o Presidente de França, François Hollande. No entanto, também estarão presentes o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do BEI, Werner Hoyer.

Espanha e França inauguraram na semana passada uma nova interligação (ligando a Catalunha à zona francesa de Perpignan), que duplicou (para 2.800 MW) a capacidade de exportação de eletricidade entre a Península Ibérica e o resto da Europa.

A Península Ibérica tem sido praticamente uma "ilha", ou seja, um mercado quase fechado de produção e distribuição de eletricidade, não conseguindo -- devido à barreira natural dos Pirinéus -- nem receber nem exportar eletricidade de e para outros pontos da Europa.

Neste momento, as interligações que existem entre Espanha e França apenas cobrem cerca de 3% da procura (em horário de pico) na Península Ibérica, sendo que o objetivo da União Europeia é aumentar a interligações entre países para 10%.

Os novos projetos que deverão ser anunciados na cimeira de quarta-feira elevarão esta capacidade de interligação para cerca de 8% até 2020, acrescentou à Lusa a mesma fonte.

Destes projetos, o que está em fase mais avançada é uma ligação de 360 km (na sua maioria via cabo submarino), no Golfo da Biscaia, entre a Aquitânia (França) e o País Basco (Espanha), com capacidade de 2000MW, a cargo da Red Eléctrica de España e da Réseau de Transport d'Electricité.

As interligações elétricas Espanha-França assumem grande importância para Portugal, que independentemente das ligações com o país vizinho tem de contar com a ligação através dos Pirinéus para poder exportar para o resto da União Europeia eletricidade gerada a partir de energias renováveis.

Em outubro do ano passado, no final de um Conselho Europeu dominado pelo pacote de energia e alterações climáticas, Pedro Passos Coelho sublinhou as vantagens do aumento das metas de interligações elétricas para 10%, mostrando-se confiante em que o reforço destas ligações - de Portugal e Espanha com as redes elétricas europeias - vai permitir aumentar as exportações nacionais de energia e atrair mais investimento.

Na quarta-feira passada, a Comissão Europeia apresentou a sua estratégia para a "União Energética", de modo a completar o mercado único europeu de Energia, corrigindo falhas como a falta de interligações elétricas.

O pacote de medidas, a aplicar até 2020, identifica o caso de Espanha (ligação com França) como um dos mais urgentes no que diz respeito a interligações. Ainda assim, em 2020 Espanha terá menos de 10% de interligações ao resto da Europa.