Em entrevista ao Público, Stuart Holland, que já foi conselheiro de Jacques Delors ou António Guterres, refere-se ao atual momento político europeu. Sobre a crise e a austeridade, o economista diz que é necessário mais respeito pelo mundo real.
“A Economia é um jogo de linguagem privada jogado por economista profissionais com muito pouco, ou nenhum, respeito pelo mundo real”, explica Holland ao Público, numa questão em que fala sobre o novo ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, de quem é amigo. O antigo conselheiro, refere que o responsável pela pasta das Finanças gregas é o homem capaz de mudar o paradigma europeu.
Neste ponto, refere Holland que “Schauble [ministro das Finanças alemão] é um advogado, Angela Merkel é formada em Física. Eles não são capazes de perceber o que a Europa pode fazer com as instituições que tem, e estão presos à ideia de que se equilibram orçamentos reduzindo défice e a dívida”, explica o economista.
Mas por que razão os alemães são tão obstinados pelas questões económicas? Para Holland este facto está relacionado com o facto de “a maioria dos alemães estar convencida que foi a inflação que levou Hitler ao poder”, mas explica o economista que esta visão é errada e que foi “a deflação e a austeridade” que levou a que isso pudesse acontecer.
Falando sobre António Guterres, com quem trabalhou, Stuart Holland diz que “ficaria encantado” se o socialista se candidatasse às eleições presidenciais do próximo ano, até porque “ele foi o chefe de Governo mais eficaz” com quem Stuart trabalhou.
Sobre a Europa, com a subida de Alexis Tsipras ao poder na Grécia, explica o economista que este poderá ser “o momento de viragem”, até porque o acumular de problemas económicos e sociais no Velho Continente está a assustar as pessoas e a fazê-las voltar a votar em movimentos extremistas. Para ilustrar este facto, dá Holland o exemplo de Marine Le Pen, em França.