De acordo com uma nota enviada aos investidores com o título 'o Setor do Carvão: Análise da Realidade', a que a Lusa teve acesso, os peritos desta unidade de análise económica da revista britânica The Economist consideram que os constrangimentos em Moçambique vão impedir as empresas de atingir o potencial total de exploração das extensas reservas de gás natural do país.

"Apesar de as explorações mineiras de carvão e os setores associados irem continuar a ser contribuintes significativos para o crescimento económico do país a médio prazo, é agora claro que nem todos os projetos se vão materializar e que o desempenho vai ser mais lento que as ambições inicias das autoridades, e que continuarão bem abaixo do potencial das extensas reservas de carvão de Moçambique", lê-se na nota, que passa em revista as estratégias das principais empresas envolvidas em Moçambique.

"Considerando os muitos investimentos que ainda estão sobre a mesa, a queda dos preços do carvão desde 2011 não pôs em causa o desenvolvimento do setor em Moçambique", sentenciam os analistas da EIU, notando, ainda assim, que "permanecem muitas preocupações sobre a rentabilidade dos projetos".

Para ter sucesso em Moçambique, explicam, "as companhias mineiras têm de ultrapassar múltiplos desafios sobre o transporte, a incerteza regulatória e política, a falta de mão de obra qualificada e as leis laborais restritivas", para além de que as produtoras de energia têm também de lidar com a questão de saber se as linhas de transmissão existes em Moçambique e no sul de África são ou não suficientes, para acomodar um grande aumento da produção de eletricidade".

Este ano, o setor deverá continuar a registar uma perspetiva de evolução positiva devido à materaliazação dos investimentos recentes, mas os preços baixos desde 2011 e os constrangimentos nas infraestruturas causaram problemas, levando a adiamentos ou até ao cancelamento de alguns projetos, mostrando um impacto significativo nas contas das companhias estrangeiras que operam no país, considera a EIU.

Com mais de 20 mil milhões de toneladas de reservas ainda por explorar, Moçambique tem "um forte potencial no carvão", diz a EIU, que lembra que apesar de todas as dificuldades, a produção de carvão no país nos primeiros nove meses de 2014 subiu para 5 milhões de toneladas, o que compara com as 4,5 milhões produzidas de janeiro a setembro de 2013, isto apesar "da queda do preço desde 2011, agravada por dificuldades operacionais, desafios logísticos e, nos últimos dois anos, por um ressurgimento da instabiulidade pública", que resultou numa expansão mais lenta que as autoridades e as companhias queriam.

Produção de carvão (milhares de toneladas) ........................2011.....2012.....2013.....2014 Vale....................617.....3,768.....3,816.....3,476 Rio Tinto.................0.......707.....1,623.....1,184 Jindal....................0.........0.......246.......329 Beacon Hill Resources.....0........54........41.........0 Fontes: Relatórios da produção das empresas Vale, Rio Tinto, Jindal e Beacon Hill Resources citados na nota da EI>