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Desafio de Angola é viver o ajustamento sem conflitualidade social

O diretor do Boston Consulting Group (BCG) em Angola considerou hoje à Lusa que o grande desafio é "viver o ajustamento sem conflitualidade social", mostrando-se otimista sobre o futuro do país face à crise.

Desafio de Angola é viver o ajustamento sem conflitualidade social
Notícias ao Minuto

09:45 - 31/01/15 por Lusa

Economia BCG

"A economia angolana tem muitas das coisas que fazem um país crescer, o petróleo baixo cria um choque negativo a curto prazo, mas se o preço se mantiver baixo é preciso ajustar a economia, e isso cria problemas, por isso o grande desafio é conseguir viver o período de ajustamento sem conflitualidade social", considerou Alexandre Gorito em entrevista à agência Lusa, em Lisboa.

Para este consultor português, há muitas variáveis ainda desconhecidas para se conseguir ter um retrato fiel da crise que o país atravessa com a quebra abrupta das receitas por causa da rápida descida do preço do petróleo, que caiu cerca de 50% em pouco mais de seis meses.

"Nos nossos clientes do setor público é evidente uma contenção dos custos e a necessidade de ponderar muito melhor onde e como vai ser gasto o orçamento", revela o consultor, sublinhando que outra diferença muito clara face ao panorama vivido no ano passado é que "alguns tinham vários programas em paralelo, e agora são obrigados a prioritizar".

Do ponto de vista do trabalho de consultoria, "até houve coisas positivas", por exemplo nas empresas que avançaram com programas de reorganização, nomeadamente no setor petrolífero, o que acaba por trazer mais trabalho para esta consultora norte-americana que tem em Angola um conjunto diversificado de clientes, não só no setor petrolífero, mas também no Estado, na banca e nas telecomunicações.

"Continuamos otimistas quanto ao potencial de Angola, um país em desenvolvimento, com ciclos económicos rápidos e fortes, que para além do petróleo tem imensas potencialidades, como no setor primário, que é riquíssimo e está todo atrasado, gás natural, agricultura, produção mineira e pescas, entre outros, por isso se fizer as coisas bem feitas e criar um contexto favorável ao investimento, consegue ultrapassar a crise" e relançar um crescimento robusto.

Questionado sobre a diferença na reação das autoridades nesta crise de preços face ao que aconteceu no final da década passada, Alexandre Gorito não tem dúvidas: "Desta vez Angola está a ser mais ponderada sobre como vai reduzir os custos, em que áreas, e olhando para a frente, enquanto em 2009 parou tudo abruptamente e até de forma atabalhoada; agora os agentes estão mais bem preparados ou a experiência faz com que não repitam os erros" que levaram à instauração de um programa monitorizado pelo Fundo Monetário Internacional.

Sobre o eventual alarmismo na análise da real situação económica em Angola, Gorito diz que "faz parte da natureza dos portugueses serem alarmista", mas desvaloriza a crise, dizendo que "as empresas às vezes esquecem-se que a economia é feita de ciclos, e preparam-se só para os ciclos bons... em dois meses não há uma mudança estrutural numa economia, mas há sinais, claro, que farão qualquer gestor responsável ficar preocupado e o obrigarão a mitigar os efeitos, como a desvalorização da moeda ou os atrasos nos pagamentos".

Mas o importante, sublinha, é que "é preciso que as empresas portuguesas estejam preparadas para estes maus momentos, que não se internacionalizem sem ter uma rede por baixo, às vezes avançam sem segurança e ao primeiro azar nota-se logo a descapitalização".

Ainda assim, Alexandre Gorito reconhece que "as empresas portuguesas fortaleceram-se nos últimos anos e as que resistiram à crise de 2009 fortaleceram-se muito nos anos seguintes e esses anos foram excelentes para essas empresas que se conseguiram aguentar".

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