As dúvidas sobre o estímulo económico anunciado pelo Governador do Banco Central Europeu foram, em grande medida, bem recebidas. No entanto, em declarações ao Dinheiro Vivo, Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, refere que este não é um “programa milagroso”.
A medida “contribui, sem dúvida, para motivar ainda mais o objetivo dos bancos aumentarem o volume de crédito e estimular a procura do crédito. Não é, [contudo], um programa milagroso para conceder crédito a empresas e projetos que não reúnam condições para o obter”, afirma em declarações a esta publicação Faria de Oliveira.
A mesma opinião foi também expressa pela diretora do FMI, deixando Christine Lagarde um aviso: este dinheiro pode nunca chegar às famílias e às empresas. “A questão é se os bancos vão ter suficiente confiança para dar empréstimos, se os particulares vão ter confiança para gastar e se as empresas vão ter confiança para investir”, afirmou esta sexta-feira.
Em Portugal, teme-se que este seja o cenário. Isto porque se os bancos não fizerem alterações nas suas políticas de concessão de crédito o dinheiro poderá chegar apenas a um terço das 400 mil empresas lusas.
“Não é a questão da liquidez que mais condiciona a concessão de crédito, pois as linhas de assistência existente no BCE apoiam essa restrição”, salientou Faria de Oliveira ao DEinheiro Vivo.
Uma posição semelhante é sustentada por Mira Amaral, presidente do BIC, que considera que a banca lusa já tem crédito a mais para a procura que tem. “Os bancos portugueses já têm liquidez suficiente para financiar as boas empresas e, ao venderem os títulos de dívida pública ao BCE, vão reforçar uma liquidez que já é excedentária em relação à procura de crédito por parte das boas empresas”, conclui o banqueiro.