Mario Draghi deu uma entrevista ao Diário de Notícias focada no papel da Alemanha na União Europeia, em que o italiano que assume a liderança do Banco Central Europeu (BCE) se assumiu ofendido com a acusação de ser um agente dos países do sul.
“Eu não aceito quaisquer rótulos, mas apresento factos. Gosto de ir a Itália quando o trabalho em Frankfurt está feito e tenho de ir a muitos outros sítios onde a minha presença é necessária. A alcunha ‘senhor outro sítio qualquer’ persegue-me há 20 anos. [Quando assumia a pasta das finanças italianas], tinha milhares de coisas para fazer. As pessoas tentavam encontrar-me e não conseguiam. Diziam: ‘Draghi nunca está, está noutro sítio qualquer’”.
Para o economista, certo é que “a Alemanha atua como um porto seguro em épocas de crise”, mas há que ressalvar que “uma rutura da União não seria do interesse da Alemanha”.
“Imagine-se só o que aconteceria se o euro desaparecesse, o que já era um tema de especulação em 2012. Se todos os países começassem a desvalorizar numa moeda para sempre, isso levaria unicamente a preços mais altos”, explicou, confirmando o preconceito existente entre Itália e os germânicos.
“Há muitas vezes dificuldade em compreender que dentro de uma União Monetária a política que decidirmos afeta os outros membros e já não nos podemos comportar como se estivéssemos sozinhos no mundo”, afirmou.