Domingues Azevedo é assertivo quando o assunto é a reforma do IRS apresentada há semanas pelo Governo. Para o bastonário dos Técnicos Oficiais de Contas, a proposta do Executivo não teve “uma orientação estratégica” para as famílias, mas sim “apenas um interesse político associado”.
Em entrevista ao Jornal de Negócios, Domingues Azedo questiona essa alegada orientação do Governo com o facto de as famílias monoparentais saírem “prejudicadas” e as que “têm rendimentos superiores” beneficiadas face às com remunerações menores.
“A questão da família é aqui uma questão política. (…) A preocupação aqui com a família é apenas fumo que nos lançam. (…) Eu não embarco nessas nuvens de fumo”, sublinha o bastonário, afirmando que “o alívio fiscal que há é inquinado”.
Na opinião de Domingues Azevedo, o próximo ano será de agravamento fiscal para a maioria dos contribuintes pois o “alívio fiscal” de que o Governo fala “vem trazer maiores desequilíbrios, injustiça e iniquidade ao funcionamento do IRS”.
“Temos de facto um desagravamento, mas no geral vamos ter maior carga fiscal e por isso não me venham dizer que [a reforma do IRS] vem desagravar as famílias”, frisa.
O bastonário dos Técnicos Oficiais de Contas critica ainda o facto de o Governo ter mantido a descida do IRC, frisando que “não se pode pedir eternamente às famílias que paguem a crise e que os outros não sejam tao pouco chamados a pagar um tostão”, destacando que “continuamos a prejudicar quem vive do seu trabalho (…) como se Portugal fosse para uns um país das maravilhas, enquanto para outros é um país das agruras”.